Discípulos de Jesus

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Conceito. 3. Escolha dos Doze Apóstolos. 4. O Relacionamento entre Jesus e os Apóstolos. 5. As Instruções para os Doze: 5.1. As Admoestações; 5.2. Os Estímulos; 5.3. As Dificuldades; 5.4. As Recompensas. 6. O Financiamento da Pregação. 7. A fidelidade a Deus. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é analisar a relação entre Jesus e seus discípulos no tempo de seu apostolado e suas repercussões ao longo do tempo, inclusive nos dias de hoje.

2. CONCEITO

Discípulo - Aquele que, com um mestre, aprende alguma ciência ou arte, dele recebe os conhecimentos de uma doutrina etc. O que segue, que adotou certos princípios, sentimentos, idéias, e por eles atua, ainda que não conheça o seu autor: seguidor, partidário, sectário: os discípulos de Platão.

Discípulos do Senhor - Os Evangelhos chamam discípulos aqueles que seguiam de perto a Cristo: em primeiro lugar, os 12 Apóstolos; depois, os outros 72 que mandava adiante de si aos lugares onde tencionava pregar (Luc., 10). Em sentido geral, também eram chamados discípulos os que acreditavam em Cristo e se propunham seguir sua doutrina, instruídos por ele ou pelos apóstolos e evangelistas. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

3. ESCOLHA DOS DOZE APÓSTOLOS

"Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi também quem o traiu". (Mateus, 10, 2 a 4) Jesus Recrutou-os entre os que ouviam as pregações de João Batista.

"Freqüentemente era nas proximidades de Cafarnaum que o Mestre reunia grande comunidade dos seus seguidores. Numerosas pessoas o aguardavam ao longo do caminho, ansiosas por lhe ouvirem a palavra instrutiva. Não tardou, porém que ele compusesse o seu reduzido colégio de discípulos.

Depois de uma pregação do novo reino, chamou os 12 companheiros que, desde então, seriam os intérpretes de suas ações e de seus ensinos. Eram eles os homens mais humildes e simples de lago de Genesaré". (Xavier, 1977, p. 38)

4. O RELACIONAMENTO ENTRE JESUS E OS APÓSTOLOS

Em muitos aspectos, a relação entre Jesus e seus discípulos era semelhante às relações entre o rabino hebreu e seus discípulos. Os rabinos ou doutores da Lei reuniam em torno de si muitos discípulos, aos quais transmitiam a sua doutrina. Esses discípulos, por seu turno, podiam tornar-se rabinos e continuar a tradição que tinham recebido. Os hebreus consideravam o próprio Jesus como um rabino que tinha os seus discípulos.

As relações entre Jesus e seus discípulos não eram exatamente iguais às relações que havia entre um rabino e seus discípulos. Jesus pedia uma adesão pessoal mais completa do que aquela que era pedida pelos rabinos. O seu discípulo deveria estar disposto a abandonar pai, mãe, filho e filha, a tomar a sua cruz e dar a vida no seguimento de Jesus. Como seu mestre, os discípulos deveriam abandonar suas casas, ficando sem ter onde repousar a cabeça. (Mackenzie, 1984)

5. AS INSTRUÇÕES PARA OS DOZE

"A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificai leprosos, repeli demônios; de graça recebestes, de graça dai. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque digno é o trabalhador do seu alimento. E em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, indagai quem neles é digno; e aí ficai até vos retirardes. Ao entrardes na casa, saudai-a; se, com efeito, a casa for digna, venha sobre ela a vossa paz; se, porém, não o for, torne para vós outros a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem ouvir as vossas palavras, ao sairdes daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés". (Mateus, 10, 5 a 14)

5.1. AS ADMOESTAÇÕES

"Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas... Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo. Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do homem". Mateus, 10, 16 a 23)

5.2. OS ESTÍMULOS

"O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos? Portanto, não os temais: pois nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser reconhecido. O que vos digo às escuras, dizei-o a plena luz; o que se vos diz ao ouvido , proclamai-o sobre os telhados; não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Não se vendem dois pardais por um asse? E nenhum deles cairá em terra sem o consentimento de vosso Pai. E quanto a vós outros, até os cabelos todos da cabeça estão contados. Não temais pois! Bem mais valeis vós do que muitos pardais. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus". (Mateus, 10, 24 a 33)

5.3. AS DIFICULDADES

"Não penseis que eu vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim. Quem acha a sua vida, perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa, achá-la-á". (Mateus, 10, 34 a 39)

5.4. AS RECOMPENSAS

"Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo. E quem der a beber ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão". ( Mateus, 10, 40 a 42)

6. O FINANCIAMENTO DA PREGAÇÃO

Judas, depois de ouvir todas essas recomendações do Mestre, indaga: "Senhor, os vossos planos são justos e preciosos; entretanto, é razoável considerarmos que nada poderemos edificar sem a contribuição de algum dinheiro".

"Jesus contemplou-o serenamente e redargüiu:

Será que Deus precisou das riquezas precárias para contribuir as belezas do mundo? Em mãos que saibam dominá-lo, o dinheiro é um instrumento útil, mas nunca será tudo, porque, acima dos tesouros perecíveis, está o amor com os seus infinitos recursos.

Em meio da surpresa geral, Jesus, depois de uma pausa, continuou:

No entanto, Judas, embora eu não tenha qualquer moeda no mundo, não posso desprezar o primeiro alvitre dos que contribuirão comigo para a edificação do reino de meu Pai no espírito das criaturas. Põe em prática a tua lembrança, mas tem cuidado com a tentação das posses materiais. Organiza a tua bolsa de cooperação e guarda-a contigo; nunca, porém, procures o que ultrapasse o necessário". (Xavier, 1977, p. 43)

7. A FIDELIDADE A DEUS

Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Sua dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. Tudo na vida tem o preço que lhe corresponde. Se vacilamos receosos ante as bênçãos do sacrifício e as alegrias do trabalho, meditemos nos tributos que a fidelidade ao mundo exige. O prazer não costuma cobrar do homem um imposto alto e doloroso? Quanto pagarão, em flagelações íntimas, o vaidoso e o avarento? Qual o preço que o mundo reclama ao gozador e ao mentiroso?

Mas se escolhermos o caminho reto, a porta estreita, também teremos percalços, contudo o resultado é diferente. Nesse sentido não devemos pensar no Deus que concede, mas no Pai que educa; não no Deus que recompensa, sim no Pai que aperfeiçoa. Daí se segue que nossa batalha pela redenção tem de ser perseverante e sem trégua. (Xavier, 1977, cap. 6)

8. CONCLUSÃO

O discípulo deve crer na misericórdia infinita de Deus. Sem essa confiança no Divino Poder do amor nada conseguirá na escalada evolutiva, porque sempre estará defendendo os seus interesses particulares em detrimento dos interesses do Criador.

9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

MACKENZIE, J. L. (S. J.) Dicionário Bíblico. São Paulo, Edições Paulinas, 1984.

XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

São Paulo, abril de 2000

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