Bismael B. Moraes(*)
Conceito
Doutrina evolucionista, o Espiritismo se faz por seres inteligentes da Natureza, que são os Espíritos. Estes sempre se comunicaram, por vários meios. Por exemplo, cada pessoa encarnada é uma alma, ou seja, um Espírito em aprendizado com o corpo físico, na caminhada terrena. Todos nós temos notícias de náufragos nos mares e rios, bem como de extraviados nas matas e nos desertos, que sempre usaram sinais para se comunicarem: fogo, fumaça, espelhos, batidas, gritos etc. Claro que usariam outros instrumentos, se os tivessem. Também os Espíritos desencarnados (portanto, fora do corpo, na erraticidade) fazem uso de instrumentos nascidos da inteligência humana (que é espiritual), desde os mais remotos aos mais modernos, sonoros e rudimentares, ou por meio de discos, rádios, gravadores, televisores, vídeos, telefones, celulares, computadores e o que mais houver.
Transcendental
Transcendente é tudo o que está além dos limites ordinários para os seres humanos e dos seus conhecimentos. O transcendental depende do raciocínio, da razão. Em regra, é aquilo que se entende por muito elevado, distante do que comumente sabemos. Comunicação é o ato ou o efeito de comunicar. É o mesmo que informação, transmissão, ligação, contato, convívio, entendimento. Instrumental, por sua vez, é tudo que se relaciona a instrumento, peça, máquina, aparelho, utensílio ou ferramenta, ou sinal, som, voz etc. Portanto, Transcomunicação instrumental, em síntese, pode-se entender como toda comunicação feita por entidades espíritas por intermédio ou através de qualquer instrumento.
Comunicações orientadas por Espíritos.
O marco do Espiritismo no mundo se deu através do fenômeno da tiptologia (batidas), em Hydesville, Nova York, nos Estados Unidos, quando as irmãs Fox, menores (Kate, de 11 anos, e Margareth, de 14 anos), conseguiram se comunicar, em 31 de março de 1848, com o Espírito do mascate Charles Hosma, que fora morto e emparedado na casa (que diziam ser mal-assombrada) onde morava a Família Fox, protestante. Por meio de batidas, as meninas, em tom de brincadeira, dando pancadas na parede em forma de "pergunta" – uma pancada para cada letra do alfabeto -, receberam respostas e conseguiram formar totalmente o nome do morto.
Desenvolvimento.
Depois de Hydesville, foram desenvolvendo os estudiosos foram desenvolvendo pesquisas, sempre sob influência dos Espíritos comunicantes, através de médiuns preparados, por intermédio da pscofonia, da psicografia, da voz direta etc. Vieram, em seguida, as mesas girantes e as pranchetas; as fotografias, a câmera espírita, o fonógrafo e, mais recentemente, o SPIRICOM ("spirit and communication"), este aparelho feito pelo norte-americano George Meek, com a colaboração do Espírito George Muller, Doutor em Física (que viveu nos Estados Unidos), e, por último, o VIDICOM ("vídeo and communication"), para receber contato espiritual através do vídeo: uma câmera fixa, num local preparado, filmando uma tela de TV funcionando, mas sintonizada em canal vazio, durante um certo período; depois, a fita de vídeo é passada lentamente, para que o pesquisador possa encontrar eventuais imagens.
História
Historicamente, em resumo, pode-se registrar o seguinte: 1 – em 1936, Átila Szalay fez a tentativa de gravar em discos a comunicação dos Espíritos; 2 – em 1950, surge a chamada E.V.P ("Eletronic Voice Phenomenon"), quando os pesquisadores buscaram captar a comunicação dos Espíritos, usando gravadores de rolo; 3 – em 1959, o professor sueco F. Jungenson descobre a transcomunicação instrumental, quando obtém, sem qualquer preparo e de modo inesperado, inúmeras gravações de "vozes do além".
Observe-se que a transcomunicação instrumental , conhecida pela siglas TCI, sempre teve como divulgador no Brasil o engenheiro Hernane Guimarães Andrade, o qual, inclusive, escreveu um livro "Transcomunicação Instrumental", bem como vários artigos com o psedônimo de Karl W. Golsdstein (e também Lawrence Blacksmith e Sergivan Du Marric), destacando-se o texto "Comunicação Espírita Eletrônica", no Jornal Espírita nº 141.
A expressão transcomunicação instrumental, ao que consta, foi primeiramente usada em livro pelo cientista e professor Ernst Senkowski, em 1989; registrou na obra "Instrumentalle Transkomunication" as siglas TCI. Assim, a matéria é estudada metodicamente há 20 anos. Em seguida, houve dois acréscimos de siglas: l) TCM – transcomunicação mediúnica, para agrupar as comunicações obtidas por intermédio de médiuns preparados; 2) TCD – transcopmunicação direta, para classificar as mensagens O.O.B.E. ("Out of Body Experience"), no chamado desdobramento astral.
Novos meios de comunicação. Depois das experiências do professor sueco Jungenson, através de gravadores em 1959, aumentaram as pesquisas por vários meiios de comunicação – radio, televisão, telefones, celulares, computadores etc. Hoje, a matéria acha-se em destaque, junto a pesquisadores de vários partes do mundo. E o cinema as descobriu.
Uma observação: a importância maior que tem o estudo da transcomunicação instrumental é o fato de servir para provar a participação dos Espíritos por intermédio, também, da alta tecnologia; mas o seu conhecimento apenas não demonstra que o indivíduo seja um espírito moralmente e de procedimento eticamente evangélico.
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(*) BISMAEL B.MORAES, advogado, Mestre em Direito Processual pela USP, é membro da UDEsp – União dos Delegados de Polícia Espíritas do Estado de São Paulo, Secretário-Geral do Centro Espírita Ismael, no Jaçanã / Capital de São Paulo, e autor, dentre outros, do livro "Mensageiros Amnésicos e outros temas ante o Espiritismo" (Editora IBRASA / SP / 2009).
São Paulo, 30/03/2010
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