Amor pelo Bairro Inspira Ação Social

Gomes viu Associação Ismael passar de 300 para 10 mil atendimentos
(Por Camilla Rigi)

reportagem2 width=Já se foi o tempo em que o contador José Antenor Gomes Filho, de 67 anos, passeava pelas ruas de terra do bairro do Jaçanã. Sessenta anos depois, apesar das casas e edifícios que foram erguidos por lá, o bairro continua tranqüilo. É o que mantém os antigos moradores. "Não saberia viver em outro lugar."

A ligação do contador com o lugar ficou mais intensa quando passou a fazer parte do Centro Espírita Ismael, que hoje preside. Foi lá dentro que Gomes acompanhou bem de perto o crescimento do bairro. "Eu ainda era pequeno quando abriu, mas me lembro que fazíamos cerca de dez atendimentos por dia, quase 300 por mês. Hoje, nós assistimos 10 mil pessoas por mês", compara.

Com 135 anos de idade, o Jaçanã tem 7, 9 quilômetros quadrados e conta com mais de 92 mil habitantes, segundo dados da Prefeitura. "Apesar de todo o crescimento, o bom daqui é que a violência não é tão grande quanto em outras áreas da cidade", comenta. Ele até se lembra da época que a região mais parecia uma cidade do interior. "Se duvidar era até maior que muita cidade. Tinha cinema, restaurante e muitas quadras de futebol. A gente ia até nas quermesses da Igreja."

reportagem1 width=A única lembrança ruim que parece persistir são as enchentes. "Cheguei a ficar sem casa. Minha família morava na beira do rio e um dia a água levou tudo. Tivemos de morar na casa dos vizinhos por um mês", relembra. Para o contador, agora, o problema é ainda maior, pois há poucos locais de absorção de água.

Gomes, porém, prefere mesmo é falar de coisas boas, como os serviços prestados pelo Centro Espírita. "É minha segunda casa aqui." O local foi fundado em 1962 por um grupo de moradores cansados de ter de ir toda semana ao centro da cidade para freqüentar a Federação Espírita do Estado de São Paulo. Desde aquela época, há orientação espiritual e serviço de assistência social para a comunidade. "A pessoa chega aqui e passa por uma triagem para ver o que mais precisa, se é assistência espiritual ou ajuda material", diz o presidente.

Só no ano passado a entidade distribuiu mais de 12 mil quilos de alimentos e 173 enxovais para recém-nascidos. As roupas, segundo Gomes, são confeccionadas pelos voluntários do centro, que utilizam retalhos de vestes doadas. Além disso, o centro oferece cursos de manicure, corte e costura e de alimentação. "Essa ajuda atrai as pessoas para que possamos realmente orientá-las a mudar de vida." E uma escola mediúnica foi montada no centro, com mais de 70 grupos de trabalhos semanais.

Para desenvolver tantas atividades, a sede cresceu ao longo do tempo, passou de uma casa pequena para um prédio de 700 metros quadrados. "E já está pequena de novo. Agora queremos criar espaço para ter atendimento médico e odontológico", planeja o presidente.

ESTADÃO NORTE, Sexta-feira, 21 abril de 2006

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