Características do Líder Holocentrado

Roberto Crema, em Novos Desafios, Nova Liderança: O Facilitador Holocentrado, distingue três tipos básicos de facilitadores ou líderes, quer se apliquem à área psicoterápica, educacional, institucional ou política: o centrado na técnica, o centrado na pessoa e o holocentrado. Estas três fases, respectivamente, representam  estados evolutivos de liderança. Elas são: 1) A infância do facilitador Baseia na técnica, tirada dos livros e de aulas de administração; 2) A maturidade do facilitador Deixa para trás a muleta da técnica, das fórmulas e olha mais diretamente para o outro, a pessoa, sem nenhum subterfúgio; 3) A excelência do facilitador Centrar-se no outro ainda é reducionismo humanista, um aprisionamento ao exclusivamente humano. Deve-se olhar o outro no todo, pois a pessoa não está isolada; ela insere-se no todo e dele participa.

A seguir, relacionamos algumas dessas características

Inclusividade

O facilitador não rechaça nenhuma necessidade e nenhuma dimensão de pessoa: dos mais primários e instintivos aos mais elevados e sublimes, todos os ângulos do ser humano são igualmente acolhidos e considerados.

Espaço interior

A visão holística é uma função do espaço. Ela não é atingida pelo processo de aquisição de mais experiências, estudos, conhecimentos e pelo consumo de livros, cursos e seminários. É, sim, uma questão de esvaziamento e capacidade de silêncio interior.

Abertura

Deve-se deixar a mente caminhar do conhecido para o desconhecido (consciência) e do desconhecido para o desconhecido (êxtase).

Flexibilidade

No relaxamento e soltura habita a saúde; a patologia, na tensão e contensão.

Movimento

A realidade não estaciona, em nenhuma parte reside, não tem endereço fixo. "Só há mutação!", exclama o I. Ching.

Humor

Levar-se muito a sério pode ser grave sintoma neurótico. Bom humor é a arte de sorrir de tudo e, principalmente, de si próprio.

Vocação

A vocação é a nossa voz interna; é a promessa intrínseca que trazemos no ser; é o trabalho intransferível que viemos realizar.

Paciência

Cada pessoa tem o seu ritmo próprio, que precisa ser respeitado, pois há nele uma sabedoria implícita. Violentar esse ritmo é equivalente a arrancar, prematuramente, a casca de uma ferida. Ela sangrará novamente, deixando exposta a carne viva.

Humildade

É a capacidade de a pessoa assumir o seu próprio tamanho. Significa não querer aparentar ser nem maior e nem menor do que se é. Quando se sabe, colocar  a candeia em cima do alqueire, é um ato de humildade.

Ter as mãos vazias

Deixar para traz os nossos pertences: álbuns de fotografia, nossos diplomas, nossas experiências, nosso autoritarismo, tanto exterior como interior.

Era uma vez um americano turista que, estando em Israel, foi visitar um sábio rabino. Lá chegando, espantou-se com aquela casa vazia; nenhuma mobília, nenhum enfeite, nenhum quadro na parede, nem mesmo cadeiras e mesa, nem mesmo cama e armários. Sem poder conter a sua perplexidade, indagou: "Onde estão as suas coisas, meu Senhor?". "E onde estão as suas?", contraperguntou o velho rabino. "Ora, estão na minha casa, no país de onde venho; estou aqui só  de passagem "respondeu o turista". "Eu também!", sentenciou o mestre.

 Chegamos de mãos vazias, iremos de mãos vazias. Só levamos conosco o passaporte das nossas ações.

Ver a parte no todo e o todo na parte

É uma espécie de intuição perceber que a parte está no todo e o todo está na parte.

Fonte de Consulta

BRANDÃO, Denis M.S. e CREMA, Roberto (Org.). Visão Holística em Psicologia e Educação. Tradução de Antonio Fernando Negrini, Denise Bolanho, Miriam Goldfeder. São Paulo: Summus, 1991. (O texto refere-se ao capítulo 8, p. 74 a 108)

(Org. por Sérgio Biagi Gregório)

Copyright © 2010: Centro Espírita Ismael
Av. Henri Janor, 141 São Paulo, Capital