"O religioso é, antes de tudo, um cristão, um crente, qualquer seja o serviço que desempenhe: servir governando, servir obedecendo".
Michelina Tenace, em sua pesquisa sobre o serviço dos superiores, percebeu que havia muitos livros sobre a obediência, mas poucos sobre a autoridade; poucos sobre a fisionomia espiritual de quem é chamado a exercer a função de superior, de superiora. Entrou em contato com as obras de grandes religiosos cristãos, extraindo deles anotações úteis à boa administração de uma Igreja, de um Centro Espírita e mesmo de uma empresa comercial.
A proposta de São Basílio, que "dá uma colocação nova à figura do superior, não aspira delinear poder autocrático; situa-se na linha do serviço do irmão. O superior deve favorecer a liberdade da ascese, mas garantir, sobretudo, a coesão do grupo como fraternidade". Faz uma crítica aos eremitas, que preferiam o deserto ao contato humano. Acha que toda a regra existe em função da comunidade, motivo pelo qual não é estranho que os superiores sejam colocados menos em evidência, pois a sua função faz parte da comunidade, não geradora dela.
O carisma de São Bento era o de "afugentar as trevas e irradiar o dom da paz". Para ele, "a obediência é o sinal da humildade do monge, índice de seu progresso espiritual, que faz parte do caminho de retorno ao Pai". O superior, amado de Deus, deve querer o bem do seu irmão. O amor a Deus é sempre aquilo que faz crescer, aperfeiçoar, libertar, e colocar em contato com a lei divina.
Para São Francisco, a autoridade é sempre vigária e carismática. A autoridade vigária quer dizer que o superior não pode se sentir sujeito de poder ou de direito, mas somente investido sacramentalmente da autoridade de Cristo, a quem faz referência e de quem manifesta, como sinal consciente, o mistério e a palavra.
Inácio "pressupunha a indiferença" nos seus religiosos, ou seja, supunha que tivessem atingido a liberdade interior como fruto dos exercícios espirituais. Antes de propor uma missão, verificava a inclinação direta ou indiretamente para poder "considerar disposições", porque contava com pessoas mais do que sobre a ideia do projeto.
Esses religiosos diziam que ninguém deve sentir-se satisfeito em fazer o mínimo, mas desejar sempre que lhe seja acrescida alguma coisa e deseja fazer mais: "a verdade na liberdade não está aquém, mas além da norma".
Fonte de Consulta
TENACE, Michelina. Guardiões da Sabedoria: O Serviço dos Superiores. Tradução de Francisco de Assis Sant’Ana. Bauru, SP: Edusc, 2008. (Coleção Ecclesia Viva)
Sérgio Biagi Gregório
São Paulo, outubro de 2009
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