Sérgio Biagi
Gregório
1.
CONCEITO DE TEMPO
Tempo - do lat. tempus significa a sucessão de anos, dos dias, das horas etc., que envolve, para o homem, a noção de presente, passado e futuro: o curso do tempo; o tempo é um meio contínuo e indefinido no qual os acontecimentos parecem suceder-se em momentos irreversíveis. (Dicionário Aurélio)
2.
CÁLCULO DO TEMPO
Os calendários, da mesma forma que todos os cálculos de tempo, baseiam-se na alternância do dia e da noite, na fases da Lua e no movimento anual do Sol. A Terra leva um ano para percorrer sua órbita ao redor do Sol e um dia para dar uma volta em torno do seu próprio eixo, cujas extremidades são os polos. No calendário gregoriano, o ano coincide aproximadamente com uma volta da Terra ao redor do Sol, e as estações caem sempre nas mesmas datas do ano, perfazendo um total de 365 dias. (Combi Visual)
3.
CÔMPUTO DO TEMPO
Em cada sociedade a contagem do tempo encontra-se determinada pelas suas tradições religiosas. No mundo cristão, o ponto de partida é o nascimento de Jesus Cristo. No Islão, o cômputo é feito a partir do ano em que Maomé fugiu para Medina. Os judeus iniciam sua contagem com a "criação do Mundo" segundo a Bíblia. Nesse sentido, o ano 2000 dos cristãos eqüivale ao 5760 dos judeus e ao 1420 dos islamitas. (Combi Visual)
4.
IRREVERSIBILIDADE DO TEMPO
A irreversibilidade do tempo é uma propriedade que caracteriza o curso do tempo, por "curso do tempo" entende-se a sucessiva mudança de acontecimentos no processo da existência. A direção do curso do tempo é a ordem dirigida "antes" e "depois" na sucessão dos acontecimentos. (Askin, 1969, pág. 142)
5.
TEMPO ABSOLUTO E TEMPO RELATIVO
Em Astronomia, distingue-se o tempo absoluto do tempo relativo pela equação do tempo, porque os dias naturais são desiguais, ainda que os tomemos vulgarmente por uma medida igual de tempo.
O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si próprio e por sua própria natureza, flui uniformemente sem relação com nada de exterior, e com um outro nome é chamado Duração
O tempo relativo, aparente e vulgar é uma medida qualquer, sensível e externa da duração pelo movimento (quer ela seja precisa ou imprecisa) de que o vulgo se serve ordinariamente em lugar do tempo verdadeiro: tais como a hora, o dia, o mês, o ano.
Sucede o mesmo com o espaço, ou seja, o espaço absoluto, pela sua natureza, e sem relação ao que quer que seja de exterior, mantém-se sempre semelhante, imóvel e infinito. Por outro lado, o espaço relativo mantém-se desigual, móvel e finito. Ex.: alunos e professor numa sala de aula. (Koyré, s.d.p.,157 a 159)
6.
CONCEPÇÃO CRISTÃ DO TEMPO
A chamada "concepção cristã do tempo" encontra em Santo Agostinho a primeira formulação madura. O tempo é para ele um grande paradoxo: um "agora" que não pode ser detido, um "será" que todavia não é. Diz sobre o tempo: "Quando não me perguntam, eu sei; e quando me perguntam; não sei." (Confissões, IX) (Pequeno Dicionário de Filosofia Hemus)
Na perspectiva cristã, o tempo deixa de ser a roda que sempre reconduz ao mesmo lugar, para tornar-se a propedêutica da eternidade. O homem criado por Deus à sua imagem e semelhança, foi precipitado no tempo e na morte em conseqüência do pecado, que é, uma ruptura com Deus. Pelo Cristo porém, que é o mediador, pode restabelecer a ligação com Deus, e fazer de sua vida no tempo uma preparação para a vida eterna. O tempo é apenas um caminho que deve conduzir o homem fora e além do tempo. (Corbisier, 1987)
7.
TEMPO E ETERNIDADE
O tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias; a eternidade não é suscetível de medida alguma, do ponto de vista da duração; para ela, não há começo, nem fim: tudo lhe é presente.
Se séculos de séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana? (Kardec, 1975, pág. 107)
8.
TEMPO E REENCARNAÇÃO
Ano |
Espíritos Encarnados |
Espíritos Desencarnados |
D/E |
Vida Média |
Duração no
Plano Espiritual |
1952* |
2.000.000.000 |
20.000.000.000 |
10,0 |
60 |
600 |
1975 |
3.000.000.000 |
19.000.000.000 |
6,3 |
65 |
409 |
1980 |
4.000.000.000 |
18.000.000.000 |
4,5 |
66 |
297 |
1990 |
5.000.000.000 |
17.000.000.000 |
3,4 |
70 |
238 |
2000 |
6.000.000.000 |
16.000.000.000 |
2,7 |
72 |
195 |
* citação de Emmanuel, no livro Roteiro, pág. 43.
9. VIDA ESPÍRITA
Pergunta 223. A alma se reencarna imediatamente após a separação do corpo?
Resposta. — Às vezes, imediatamente, mas, na maioria das vezes, depois de intervalo mais ou menos longos. Nos mundos superiores a Reencarnação é quase sempre imediata. A matéria corpórea sendo menos grosseira, o Espírito encarnado goza de quase todas as faculdades do Espírito. Seu estado normal é o dos vossos sonâmbulos lúcidos. (Kardec, 1995)
10.
HOJE E NÓS
Comparemos a Providência Divina a estabelecimento de crédito bancário, operando com reservas ilimitadas, em todos os domínios do mundo. Pela Bolsa de Causa e Efeito, cada criatura retém depósito particular, com especificação de débitos e haveres nitidamente diversos, mas, pela Carteira do Tempo, todas as concessões são iguais para todos.
Para sábios
e ignorantes, felizes ou menos felizes, a hora se constitui do valor matemático
e invariável de sessenta minutos. (Xavier e Vieira, 1978, pág. 24)
O TEMPO JULGA
TUDO
O tempo é um elemento que segundo Santo Agostinho é fácil de
saber, mas difícil de explicar. Observe que a própria dimensão do tempo no
Cristianismo tem a conotação de eternidade. Deus criou o tempo, quando criou o
mundo. Fê-lo a partir do nada, mas enviou o seu filho para restaurar o tempo e
levar todos os crentes para além do tempo, ou seja para a eternidade.
A
questão de que o tempo tudo julga está relacionada com a noção de carma, de
ação e reação, da lei de causa efeito, do juízo final etc. Quer dizer,
desencadeada uma ação, esta fica registrada no cosmo e, mais tempo ou menos
tempo, teremos de responder por ela, seja boa ou má. Por isso, diz-se que o
acaso não existe, ou seja, cada um está colocado no devido lugar, colhendo os
frutos daquilo que livremente semeou.
A
distinção entre presente, passado e futuro nem sempre é fácil de ser vista.
Hoje podemos estar numa situação desesperadora. Em vista disso,
perguntamos: por que me encontro assim? Por que não estou numa situação
melhor? O que eu fiz de errado? Depois destas questões, começamos a culpar o
presente, e dizemos: Deus não cuida de mim; estou abandonado; tudo que faço dá
errado; e assim por diante. Mas o que é o presente? Ele não é a condensação
do que fizemos no passado? Ele não é a antecipação do que poderemos ser no
futuro? Talvez devêssemos ver os nossos dias com mais atenção.
O
tempo tudo julga pode ser relacionado com a morte. Por quê? A morte é o término
de um estágio no plano da carne, em que somos obrigados a fazer uma reflexão mais acurada da nossa existência. No momento da morte, não
nos perguntarão o que lemos, os bens que amontoamos, a riqueza que tínhamos,
mas simplesmente o que estamos levando em nossa bagagem espiritual, ou seja, as
qualidades morais, os conhecimentos, a prática do bem. Por isso, as advertências
do Evangelho são elucidativas, pois não há uma única ação, por mínima que
seja, que não será levada em conta no dia do “juízo final”.
Além
de tudo, o “tempo tudo julga” mostra que a justiça divina tarda mas não
falha. No momento do julgamento de nossas ações, seremos recompensados pelo
bem que tivermos feito, e repreendidos pelo mal que conscientemente tivermos
praticado. Se hoje estamos infringindo a lei divina, prejudicando o nosso próximo,
é de se esperar que teremos de sofrer as conseqüências dos nossos atos. Desta
forma, é melhor começar a fazer o bem já, preparando-nos para uma vida mais
saudável, no futuro.
Instruamo-nos
no bem e na verdade para não termos surpresas ao voltarmos ao nosso verdadeiro
mundo, ou seja, o mundo dos Espíritos.
TEMAS PARA DEBATE
1)
Qual o significado da frase: "Para você o tempo não passou"?
2)
O tempo passa ou permanece?
3)
"Antes", "agora" e "depois" equivale a
"passado", "presente" e "futuro"?
4)
O tempo passado não volta mais?
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ASKIN,
I. F. O Problema do Tempo - Sua Interpretação
Filosófica. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1969.
CORBISIER, R. Enciclopédia Filosófica.
2. ed., Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1987.
Enciclopédia Combi Visual. Barcelona
(Espanha), Ediciones Danae, 1974.
FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d/p.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as
Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8.
ed., São Paulo, FEESP, 1995.
KOYRÉ, A. Do Mundo Fechado ao Universo
Infinito. Lisboa, Gradiva, s.d.p.
Pequeno Dicionário Filosófico. São
Paulo, Hemus, 1977.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Estude e
Viva, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz. Rio de Janeiro, FEB, 1978.
XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito
Emmanuel. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1980.
São Paulo, outubro de 1998
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