O treinamento de colaboradores, numa Casa Espírita, não pode ser deixado em segundo plano. Ele representa a passagem de uma posição de menor rendimento para uma de maior eficácia. Não é conveniente que os colaboradores absorvam assistematicamente os conhecimentos inerentes a uma determinada função; instruindo-os, poderemos diminuir consideravelmente o número de erros cometido.
Em princípio, todas as funções exercidas pelos colaboradores de uma Entidade Espírita podem e devem ser treinadas: Recepção, Entrevista, Passe, Exposição etc. Além de preparar melhor o colaborador, o treinamento resolve um problema grave, que é a existência de "panelinhas". Explica-se: com um Curso de Formação de Colaboradores, as inscrições são abertas indistintamente a todos, evitando-se que só participem de certos trabalhos aquelas pessoas que caem no agrado do dirigente.
O "Curso de Expositor Espírita" é um desses treinamentos que vale a pena incentivar. O Espiritismo pode ser divulgado através de conversas informais, leituras, áudios, cursos, palestras e simpósios. Nos Centros Espíritas, de um modo geral, a divulgação doutrinária se dá pela palavra oral. Nesse sentido, a necessidade de termos mais espíritas compenetrados e comprometidos com a doutrina, aumenta sobremaneira.
Um Curso de Expositor é deveras importante porque, além de darmos oportunidade aos novos oradores, podemos corrigir defeitos e enaltecer virtudes no campo da oratória. Há muitas palestras em que os oradores falam, falam, e não dizem nada. Se o curso pudesse deixar de sobreaviso um desses palradores, já teria cumprido o seu papel.
O aluno de um Curso de Expositor não precisa ter diploma universitário. Basta que tenha conhecimento doutrinário e saiba usar regularmente a gramática da língua portuguesa. Os dirigentes desses cursos devem, contudo, infundir a responsabilidade no uso da palavra, pois o orador irá, quer queira quer não, influenciar os seus ouvintes, que estão no auditório.
Em tese, com algumas orientações, todos podem proferir uma palestra, tanto a de dez minutos, antes do trabalho de passes, quanto a de maior duração. Nas palestras de dez minutos, a exigência doutrinária deve ser a mesma da das exposições mais longas. Uma palavra dita fora de lugar pode afugentar o ouvinte menos avisado. Por isso, todo o cuidado é pouco, quando estivermos de posse da palavra para a execução de nossa peça oratória.
Uma coisa é certa: todo o aprendiz de expositor que se rende às normas, às regras e ao método oratório, com certeza, fará uma palestra bem mais eficiente do que aquele que simplesmente abre a boca e começa a falar. Um roteiro faz com que tenhamos uma meta, um ponto, um objetivo a atingir. A ideia central obriga-nos a ser coerentes com o assunto tratado; faz-nos conectar os tópicos, dando-lhes vida. Com isso, os ouvintes prestarão mais atenção em nossas palavras e absorverão melhor os princípios doutrinários.
O Curso de Expositor é ministrado pelo método de tentativas e erros. Nesse sentido, o aluno deve praticar a oratória, a fim de não perder o que foi ensinado nas aulas teóricas. As críticas e as orientações sobre a postura do aluno são também de valor inestimável.
Por fim, lembremo-nos de que "para expor, temos que nos expor".
11/3/2009
Complemento
Requisito: estar cursando pelo menos o 4. º Ano do Curso de Educação Mediúnica
O objetivo do Curso de Expositor, do Centro Espírita Ismael, com a duração de um ano, é formar oradores capazes de divulgar a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, de forma clara e objetiva. Inicialmente, há diversas aulas teóricas, incluindo os temas: "Como Estudar e Como Aprender", "Como Preparar um Tema", o "Discurso Oratório" e a "Comunicação Interpessoal". Após essas primeiras aulas, os alunos são escalados para expor os seus temas, começando com 3 minutos de exposição. Até o final do ano letivo, esse tempo é aumentado para 20 minutos.
As apresentações de temas são seguidas de comentários, visando corrigir postura, gestos, timbre de voz etc. Essas críticas são feitas de comum acordo com todos os participantes do grupo. Este curso põe em prática o princípio fundamental da aprendizagem, ou seja, "aprende-se melhor fazendo".
Não estamos muito interessados na arte oratória, mas no conteúdo doutrinal que será transmitido. É muito mais importante que o aluno exponha o conteúdo do que aprenda exímias habilidades oratórias.
O Espírito Ignácio Bittencourt fala-nos de uma pesquisa realizada nas Esferas Superiores, objetivando saber quais as causas que dificultavam a marcha do Espiritismo em nosso mundo. A pesquisa deu a seguinte resposta: "Entre todas as causas que dificultam a marcha da Nova Revelação na Terra, destaca-se, em posição de espetacular e doloroso relevo, a preguiça mental".
Não seria essa (a preguiça mental) uma forte razão que justificará um maior esforço na intenção de diminuir o número daqueles que ficam cochilando na plateia, hipnotizados pela mesmice e falta de originalidade do palestrante, ou da criatividade do responsável pela área, esperando apenas a hora de tomar o seu passe? (1)
(1) Administrando e Aprimorando a Palestra Pública, por Waldehir Bezerra de Almeida, publicado na Revista Internacional de Espiritismo, Matão, janeiro de 2000, p. 565 a 566.
São Paulo, abril de 2009
(Org. por Sérgio Biagi Gregório)