"Vigiai e Orai, para não cairdes em tentação".
- Jesus (Mateus, 26,41) -
Sérgio
Biagi Gregório
SUMÁRIO:
1. Introdução. 2. Conceito. 3. Histórico. 4. Adoração. 5. Prece:
5.1. Perguntas e Respostas; 5.2. Tipos de Prece; 5.3. Eficácia da Prece;
5.4. Crise na Oração. 6. Oração e Vigilância: 6.1. Passado Delituoso; 6.2.
A Proposta de Emmanuel. 7. Conclusão. 8. Bibliografia.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é
buscar e manter o equilíbrio espiritual. Para tanto devemos fazer uso dos
verbos no imperativo, que se traduzem por uma ordem na mudança de nossas
atitudes e comportamentos.
2. CONCEITO
Prece / oração - É o ato de comunicação do homem com o sagrado:
Deus, os deuses, a realidade transcendental ou o poder sobrenatural. No início
parece uma queixa, uma angústia, um sofrimento, mas depois pode englobar uma
adoração ou um agradecimento. Para os panteístas é absorção no todo
universal. No meio espírita encontramos algumas frases, tais como, “ato de
caridade”, “apoio para a alma”, “uma invocação”, “uma evocação”,
“uma conversa com Deus”, “transporte do coração”, “vibração”,
“explosão da fé”, “irradiação protetora” e “caminho de luz”.
(Equipe da FEB, 1995)
Vigilância - Precaução, cuidado, prevenção.
3. HISTÓRICO
Na busca de subsídios, através
do tempo, a Bíblia oferece-nos informações valiosas.
No Velho Testamento, Abraão,
Moisés, Samuel, David e Salomão são considerados os expoentes de 1.ª
grandeza em termos de oração. O tabernáculo e o templo, consagrados à
santidade e glória de Iavé, são os lugares por excelência, a certa altura
quase exclusivos, da oração.
No Novo Testamento, Jesus Cristo tornou-se o grande modelo e mestre
da oração, pois esta era para ele imperativo de Sua natureza humana e resposta
à Sua condição de Filho de Deus. A profundidade e eloquência da oração de
Jesus impressionaram vivamente os discípulos, aos quais, a seu pedido, ensinou
o Pai Nosso, oração de conteúdo riquíssimo e esquematização modelar, pois
aí se conjugam e hierarquizam harmoniosamente os interesses do Reino e as
necessidades espirituais dos filhos de Deus. Além do conteúdo e do modo,
Cristo incutiu também repetidamente a necessidade da oração assídua,
humilde, sincera, filial.
Os apóstolos foram os fiéis
propagadores da oração: Santo Agostinho, S. J. Damasceno, Santo Tomás de
Aquino e outros. No entanto todos convergem em considerar a oração uma elevação
da mente para Deus, um colóquio ou diálogo com Deus, um pedido das coisas
convenientes ao homem dirigido a Deus. (Enciclopédia Luso-Brasileira de
Cultura)
4. ADORAÇÃO
A lei de adoração é a
primeira das Leis Naturais estudas por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos.
Diz-nos o Codificador, através do auxílio dos Espíritos superiores, que a
adoração é natural e pertence à espécie humana.
Em virtude da ignorância das
verdades religiosas, os homens acabaram adotando diversas formas míticas e místicas
de adoração, desviando o pensamento da essência fundamental do ato de adorar.
Assim sendo, a maioria das pessoas liga-se a uma religião, a uma seita, a uma
corrente espiritualista, muito mais para resolver o seu problema material do que
para a busca da verdadeira espiritualização do ser. É por isso que se sugere,
no meio espirita, a substituição do termo adoração
por reverência, no sentido de
se eliminar o ranço pejorativo que o termo adorar agrega.
A adoração, sendo uma ligação
com o sagrado, permite-nos abrir um parêntese e introduzir a noção de
hierofania. Por hierofania, Mircea Elíade entende o ato de manifestação do
sagrado. A história das religiões tem um número considerável de hierofanias,
ou seja, todas as manifestações das realidades religiosas. É isso o que
explica o sagrado manifestando-se em pedras, animais, árvores etc. Não são as
pedras, as árvores, os animais, os objetos que são adorados, mas sim o que
eles representam para a coletividade. Observe, por exemplo, uma cruz: ela é um
pedaço de madeira como tantas outras peças feitas da mesma madeira. Contudo,
no processo de hierofanização, a cruz adquire valor sagrado, ou seja, serve
para exorcizar espíritos maléficos. Nessa mesma linha de raciocínio podemos
incluir a adoração das vacas na Índia. (Eliade, 1957, p. 25)
Os cientistas sociais, na
tentativa de separar o sagrado do profano, acabam tendo pouco êxito, pois o que
se vê é o caráter ambíguo do termo predominar. O direito, a moral, a ética,
o casamento e outros temas trazem em si um considerável peso de sagrado. Em
Direito — uma ciência — a arquitetura dos tribunais, a toga do juiz, o
ritual das sessões dos tribunais, mesmo o uso de símbolos religiosos para o
juramento, por exemplo, apontam certos aspectos da instituição do direito que
têm pelo menos certo sabor de sagrado. (Boulding, 1974, p. 4)
5.
PRECE
5.1. PERGUNTAS E RESPOSTAS
Pergunta. O que é a prece?
R = A prece é um ato de adoração
ao Criador.
Pergunta. Como se deve orar?
R = Não é preciso ficar de
joelho, sentado ou de pé. A postura
física é o que menos conta.
Pergunta. Por que devemos orar?
R = Porque a prece é um
lenitivo para as nossas preocupações.
Pergunta. Onde se deve orar?
R = Em qualquer lugar. Observe
que a citação bíblica que prescreve entrar no quarto, fechar a porta e
perdoar os inimigos, pode ser entendida como entrar no quarto “íntimo”. E
no quarto íntimo, podemos entrar estando em qualquer lugar: no ônibus, no metrô,
na praia etc.
Pergunta. Quando devemos orar?
R = Também não há prescrição,
contudo O Evangelho Segundo o Espiritismo
orienta-nos a orar pela manhã e à noite.
5.2. TIPOS DE PRECE
Devido à conexão e à intermitência
entre os vários tipos de prece, é difícil concebê-los em termos de uma
classificação rígida. De qualquer forma, podemos enumerar alguns desses
tipos:
Súplica – Solicitação de vida longa, obtenção de bens
materiais e prosperidade financeira são os seus ingredientes favoritos. Como
para obtenção de tais objetivos, o ser humano vale-se da invocação mágica,
este tipo de prece pode tornar-se um desvio da verdadeira prece, principalmente
quando feita para obter recompensas ou troca de pagamento com Deus.
Confissão – o termo confissão expressa ao mesmo tempo uma afirmação
da fé e o reconhecimento do estado de “pecado”.
Intercessão – é a prece feita em favor de outrem. Em algumas
sociedades primitivas, o chefe de família ora para os outros membros da família,
mas estas preces são também extensivas à tribo inteira. (Encyclopaedia
Brittannica)
Allan Kardec, na P. 659 de O
Livro dos Espíritos, diz-nos que pela
prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer.
5.3. EFICÁCIA DA PRECE
É pelo pensamento que nos
colocamos em sintonia com outros seres, tanto encarnados como desencarnados. Por
intermédio de nossas ondas mentais, podemos auxiliar e sermos auxiliados pelas
outras mentes que entram em contato conosco. Atuando sobre esse fluxo energético
curamos e somos curados de algumas doenças, até aquelas catalogadas pela
medicina como incuráveis. A cura do incurável dá origem ao milagre. Mas, para
o Espiritismo, o milagre não existe, pois não podemos derrogar as leis da
natureza. O que há é uma extrema
aceleração dos processos de cura. (Kardec, 1984, cap. XXVII)
5.4. CRISE NA ORAÇÃO
A crise da oração que se
verifica na sociedade contemporânea pode ser devido a:
Ateísmo em suas diversas
formas;
Afrouxamento da fé e a
esterilidade moral do culto de muitos cristãos;
Incapacidade de conciliar
racionalmente a imutabilidade de Deus com a liberdade do homem imiscuída na oração
de súplica.
O êxito do progresso técnico e
cientifico que outorga ao homem bens de conforto e consumo outrora pedidos a
Deus como seu único senhor e distribuidor;
Redução da prática e, às
vezes, do próprio conceito de oração, à oração de súplica, com prejuízo
dos aspectos imanentes e essenciais da oração.
6. ORAÇÃO E VIGILÂNCIA
O texto evangélico nos diz que
devemos orar e vigiar para não cairmos em tentação. Por que?
6.1. PASSADO DELITUOSO
O Espírito Emmanuel alerta-nos
que as mais terríveis tentações encontram-se no fundo sombrio de nossa
individualidade. E o que vem isto significar? É que quando reencarnamos
trazemos conosco, impregnados em nosso subconsciente, todos os erros e mazelas
cometidas em outras épocas. Como temos o esquecimento do passado, a sua
manifestação dá-se pela intuição e pelo sentimento. A simples presença do
adversário de outras épocas faz ecoar dentro de nós o ódio, a vingança, o
repúdio. Por isso a vigilância. Tomando-se consciência da situação,
proceder à prece silenciosa em favor da harmonia.
6.2. A PROPOSTA DE EMMANUEL
“Em nós mesmos podemos
exercitar o bom ânimo e a paciência, a fé a humildade ... Não te proponhas,
desse modo, atravessar a mundo, sem tentações. Elas nascem contigo, assomam de
ti mesmo e alimentam-se de ti, quando não as combates, dedicadamente, qual o
lavrador sempre disposto a cooperar com a terra da qual precisa extrair as boas
sementes ... Entretanto, lembremo-nos do ensinamento do Mestre, vigiando e
orando, para não sucumbirmos às tentações, de vez que mais vale chorar sob
os aguilhões da resistência que sorrir sob os narcóticos da queda”. (Fonte
Viva, 110)
7. CONCLUSÃO
Embora as preces que fazemos não
irão desviar-nos de nossos problemas e desilusões, elas são um bálsamo
reconfortante para a nossa alma enfermiça, pois faz-nos penetrar em estados
de suave sossego e gozos que somente aquele que ora é capaz de decifrar.
8. BIBLIOGRAFIA
BOULDING, K. E. O Impacto das Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Zahar, 1974.
ELIADE,
M. O Sagrado e o Profano: A Essência das
Religiões. Lisboa, Livros do Brasil, 1957?
ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE CULTURA. Lisboa, Verbo, s. d. p.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, s.d.p.
São Paulo, agosto de 2001
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