Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1.
Introdução. 2. Conceito. 3. A Citação Bíblica. 4. O Problema do Julgamento: 4.1.
Limitação em Relação ao Conhecimento Espiritual; 4.2. Sobre a Interpretação da
Realidade; 4.3. A Percepção da Verdade. 5. Supressão do Eu: 5.1. O Eu; 5.2. O
Não-Eu; 5.3. O Olhar de Cristo. 6. Purificando o Julgamento: 6.1. Quem Estiver
sem Pecado, Atire a Primeira Pedra; 6.2. Busquemos o Melhor; 6.3. Da Estagnação
à Vida Plena. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste estudo é refletir sobre os nossos
julgamentos. Há possibilidade de suprimi-los? Isso ajudaria na conquista de uma
vida mais plena e mais centrada em nossa evolução espiritual? 2. CONCEITO Julgar. Formar opinião, conceito a respeito de si mesmo,
das pessoas e das coisas. Diz-se do exame de Deus a ações dos homens,
recompensando-os ou punindo-os: Deus, no fim do Mundo, julgará vivos e
mortos. Julgamento. Ação ou efeito de julgar por parte de juiz ou
juízes. Decisão em matéria cível, criminal ou administrativa. A fé no
julgamento de Deus é um dado fundamental, que jamais se põe em dúvida. 3. A CITAÇÃO BÍBLICA Continuação do Sermão da Montanha: Ninguém Pode Julgar 1. "Não julguem, e
vocês não serão julgados. 2. De fato, vocês
serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos
com a mesma medida com que vocês medirem. 3. Por que você fica
olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no
seu próprio olho? 4. Ou, como você se
atreve a dizer ao irmão: 'deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando você mesmo
tem uma trave no seu? 5. Hipócrita, tire
primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o
cisco do olho do seu irmão." (Mateus, 7, 1 a 5) 4. O PROBLEMA DO JULGAMENTO 4.1. LIMITAÇÃO EM RELAÇÃO AO CONHECIMENTO ESPIRITUAL O Planeta Terra não é um dos orbes mais desenvolvidos do
Universo. Segundo instruções dos Espíritos superiores, estamos inseridos num
mundo de expiações e provas em que o mal ainda predomina sobre o bem. Sendo
nossa evolução espiritual bastante rudimentar, temos mais dificuldades de
penetrar no âmago dos conhecimentos superiores. Essa limitação faz-nos julgar
indevidamente, propiciando-nos os diversos erros de interpretação da realidade.
4.2. SOBRE A INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE Estamos acostumados, desde a época de Aristóteles, a pensar
de forma dicotômica: certo/errado, justo/injusto, preto/branco etc. Esta visão
de mundo condicionou-nos a raciocinar pelos extremos. Há dificuldade de vermos
que o inimigo não é necessariamente inimigo e o amigo não é exclusivamente
amigo. Há momentos em que cada um deles age como se fosse o oposto. Por isso, a
necessidade de pensarmos globalmente, ou seja, além dos rótulos corriqueiros.
Observe o remédio: os de sabor amargo podem curar mais rapidamente uma doença.
4.3. A PERCEPÇÃO DA VERDADE O conhecimento é definido como uma relação entre o sujeito e
o objeto. Inicialmente, o sujeito capta o objeto. Se a imagem captada coincidir
com a do objeto, podemos dizer que o sujeito está de posse da verdade; se não
coincidir, que está em erro. A lenda dos setes sábios cegos, onde seis apalpam
um elefante, ilustra bem a diversidade de percepção com relação ao mesmo objeto.
Foi preciso que se descrevesse o objeto inteiro para que percebessem a verdade
total. 5. SUPRESSÃO DO EU
5.1. O EU O endeusamento do eu mostra o egoísmo, o egocentrismo que
humanidade vem alimentando desde longo tempo. Buda, na sua época, já nos
alertava sobre essa postura humana e nos exortava a deixar a ilusão do mundo
para que pudéssemos penetrar no Nirvana. A defesa do eu comprova o quanto ainda
estamos distantes do verdadeiro julgamento, porque, em primeiro lugar, está o
nosso interesse e não o interesse do outro, da maioria. Não é sem razão que os
Espíritos superiores afirmam ser o egoísmo a principal chaga da sociedade, e
sobre o qual todo o ser humano deveria apontar as suas armas. 5.2. O NÃO-EU O não-eu é o esforço que fazemos para suprimir o nosso
julgamento. Descartemos, assim, a pequenez de nossa individualidade. Se
conseguíssemos expandir a nossa percepção para além do sensível, para além do
dia-a-dia, para além da técnica e do conceitual, teríamos melhorado
sensivelmente o nosso julgamento. Por que sempre estamos com a verdade e o outro
em erro? Há bilhões de seres pensantes sobre a Terra e só nós temos razão. Não
há um viés do pensamento? 5.3. O OLHAR DE CRISTO Há possibilidade de, em cada ação, perguntarmos sobre a
atitude de Cristo em tal circunstância? Uma pessoa nos ofende brutalmente. Como
Cristo reagiria? Ao pararmos o nosso veiculo num farol, somos assaltados. Como
Cristo reagiria? Uma pessoa nos destrata publicamente. Como Cristo reagiria? 6. PURIFICANDO O JULGAMENTO 6.1. QUEM ESTIVER SEM PECADO, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA É a passagem do Evangelho em que os escribas e os fariseus
levam até Jesus uma mulher que fora pega em adultério. Segundo a lei de Moisés,
ela devia ser apedrejada. Jesus, porém, disse: "Aquele dentre vós que estiver
sem pecado atire-lhe a primeira pedra. E tornando a abaixar-se, escrevia na
terra. Mas eles, ouvindo-o, foram saindo um a um, sendo os mais velhos os
primeiros. E ficou só Jesus com a mulher, que estava no meio, em pé. Então,
erguendo-se, Jesus lhe disse: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te
condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Então Jesus lhe disse: Nem eu tampouco
te condenarei; vai, e não peques mais". (João, VIII: 3-11). É o principio da
indulgência, em que não devemos condenar nos outros o que nos desculpamos em
nós. (Kardec, 1984, cap. 10, p. 135) 6.2. BUSQUEMOS O MELHOR O Espírito Emmanuel, comentando a passagem "Por que reparas o
argueiro no olho de teu irmão?", diz-nos que devemos habituar a visão na procura
do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria:
buscando bagatelas, perdemos o ensejo de grandes realizações. Acrescenta:
"Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa
irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves
defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço
poderia sanar ou dissipar". (Xavier, s.d.p., cap. 113) 6.3. DA ESTAGNAÇÃO À VIDA PLENA Diz-se que todos os que foram condenados à estagnação foram
mal amados. Observe algumas frases que repetimos insistentemente: "Não suporto
aquele sujeito"; "Com aquele nada feito"; "No ponto em que ele já está";
"Ninguém conseguiu nada dele"; "É inútil perder tempo"; "Já tentei tudo". Todos
esses julgamentos podem ser modificados. Poderíamos pensar no poder infinito de
Deus, dizendo: "A Deus tudo é possível". Se cada um procurasse ajudar
espontaneamente o seu próximo, não ficaria pensando que este não tem mais cura,
o outro, que se chafurdou no vício, não pode mais voltar à vida sadia. Há um
poder superior que excede a nossa interpretação parcial dos fatos. Lembremo-nos
de que amar os outros é chamá-los a vida. 7. CONCLUSÃO Suprimamos o julgamento apressado das pessoas e das coisas.
Talvez tenhamos tentado todos os sistemas e todos os métodos. Que tal
verificarmos, também, se amamos gratuitamente o nosso próximo, sem esperarmos
qualquer tipo de recompensa? 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed.
São Paulo: IDE, 1984. XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio
de Janeiro: FEB, [s.d.p.] São Paulo, janeiro de 2010.
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