Sérgio Biagi Gregório SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos
Gerais. 4. Dor e Sofrimento: 4.1. Dor-expiação; 4.2. Dor-evolução; 4.3.
Dor-auxílio. 5. Sofrer de Modo Feliz: 5.1. Dívidas do Passado; 5.2. Devemos 100,
Pagamos Apenas 1; 5.3. Vontade de Deus em Primeiro Lugar. 6. Consolação: 6.1.
Vida Futura; 6.2. O Problema da Salvação da Alma; 6.3. Visão Espiritual do
Problema. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO Não há quem não se pergunte: por que tantas dificuldades aos
meus pés? Por que as coisas ao meu redor não acontecem como eu as desejo? Por
que o meu vizinho está sempre sorridente e eu triste? Analisemos, pois, as
questões da dor e as razões pelas quais o Espiritismo nos exorta à resignação.
2. CONCEITO Motivo: causa, razão, fim, intuito, escopo. Resignação: tornar-se animoso no sofrimento. Paciência
diante da ingratidão, da adversidade, do infortúnio. 3. ASPECTOS GERAIS Este tema – Motivos de Resignação – encontra-se no
capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Bem-Aventurados os
Aflitos). Para uma melhor compreensão do tema, convém nos lembramos de
que as bem-aventuranças encerram os ensinamentos de Jesus ministrados na fralda
de um monte, em Cafarnaum, conhecido também como o Sermão da Montanha, e que
tinha o objetivo de fazer uma síntese das leis Morais que regem a humanidade. As bem-aventuranças é um termo técnico para indicar uma forma
literária de ministrar conhecimentos. Pode-se dizer que é uma declaração de
bênção em virtude duma boa sorte. Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a
bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas de uma má
sorte. Jesus dizia: bem-aventurados os que sofrem... os que sentem frio... os
que são perseguidos. (Mackenzie, 1984) Ghandi, o grande libertador da Índia pela política da
não-violência, dissera certa vez que se da Doutrina de Cristo os homens tirassem
tudo, mas deixassem as bem-aventuranças, de nada sofreria, pois ali contém o
alimento necessário para a reformulação do pensamento do ser humano. Ao refletir sobre este tópico, tenhamos claro em nossa mente
o seu fim último, que a consolação frente às nossas dificuldades. 4. DOR E SOFRIMENTO Embora possamos sentir dor e não sofrer, os termos são, na
maioria das vezes, interpretados como sinônimos. Mas quais são os tipos de dor que, de acordo com a Doutrina
Espírita, o ser humano está sujeito? 4.1. DOR-EXPIAÇÃO Essa dor refere-se à consequência de uma ação passada. Dada a
nossa ignorância, nos desregramos em relação às Leis de Deus e criamos o que os
orientais chamam de "carma", que deve ser purgado para a nossa felicidade e a
nossa harmonia interior. 4.2. DOR-EVOLUÇÃO Enquanto na dor-expiação somos obrigados a sofrer porque
merecemos, ou seja, porque cometemos deslize com relação à Lei Natural, nesta
ocorre o contrário: sofremos porque temos o anelo da perfeição, a purificação de
nossa alma. . O Espírito que atingiu esta fase está num nível de evolução bem
superior ao que sofre por um "castigo". Por isso, não é muito correto dizer que
a Reencarnação é uma punição. Ela é também motivo de evolução. 4.3. DOR-AUXÍLIO Esta dor já é mais voltada para o sentido corretivo, pois os
nossos desequilíbrios são tantos que muitas vezes precisamos ficar num leito de
dor por anos e anos meditando em nossa situação. Quem visitar pessoas internadas
em Casas de Recuperação pode notar as feições de cada um nesta situação.
(Xavier, 1976, p. 261 e 262) 5. SOFRER DE MODO FELIZ A lição nos convida a ser feliz no sofrimento. Por que? 5.1. DÍVIDAS DO PASSADO Voltando para dentro de nós mesmos, e mesmo que saibamos da
advertência do esquecimento do passado, temos sempre a intuição do que fomos e
porque estamos nesta situação. Quer dizer, não há necessidade de fazermos uma
regressão de memória ou terapia de vidas passadas. A nossa própria percepção nos
conduz ao que fomos, dando-nos as razões de nosso sofrimento no presente. 5.2. DEVEMOS 100, PAGAMOS APENAS 1 Os Espíritos nos orientam que a resignação ao sofrimento
equivale ao seguinte raciocínio: suponha que tenhamos uma dívida de R$ 100,00,
que deve ser quitada num prazo X. Na contabilidade divina surge a seguinte
operação: se me pagares apenas R$ 1,00, eu quitarei a dívida toda. Quem, que se
julga honesto e responsável, não se apressaria em desembolsar os R$ 1,00 e ficar
livre de toda a dívida? Assim é que procede a divindade para cada um de nós. O
nosso pagamento é sempre menor do que aquilo que deveríamos realmente pagar. 5.3. VONTADE DE DEUS EM PRIMEIRO LUGAR Nas grandes crises pelas quais passamos, quando colocamos a
vontade de Deus acima da nossa, o sofrimento torna-se mais leve, mais suave,
enaltecendo os ensinamentos de Jesus que diz que o seu jugo é suave e o seu
fardo leve. Ele, o nosso irmão maior, nos dá força para continuarmos no caminho
da fé, apesar das asperezas do caminho. É por isso que os Espíritos superiores
estão sempre nos alertando: "Em tudo o que fizer, pensa em Deus primeiro". 6. CONSOLAÇÃO 6.1. VIDA FUTURA Por que nos preocuparmos com a vida futura? Por que o
evangelho nos diz que a felicidade não é deste mundo? Por que deixar para o dia
seguinte o que podemos gozar hoje? As respostas a estas perguntas dependerão
sensivelmente da visão de mundo de cada um de nós. Se formos muito apegados à
matéria, poderemos querer gozar já no dia de hoje não importando se, com isso,
precisarmos passar por cima do nosso próximo. Ao contrário, porém, se a nossa
visão de mundo for espiritualista, olharemos as coisas de um outro ângulo. Ou
seja, daremos mais atenção ao Espírito do que ao corpo. 6.2. O PROBLEMA DA SALVAÇÃO DA ALMA A salvação da alma, após o desencarne, é um problema grave
para a maioria das religiões: para algumas são necessárias as obras; para
outras, basta a fé. A Doutrina Espírita ensina-nos que a morte não altera o
nosso estado moral; mudamos apenas de plano. Deixamos de pertencer ao mundo dos
encarnados para fazer parte do mundo dos desencarnados, o verdadeiro mundo
espiritual. Assim, não é porque temos fé ou porque acreditamos em Deus que
seremos salvos. Para sermos salvos precisamos de nos libertar do erro, do
"pecado". Somente assim poderemos nos libertar do mundo das provas. 6.3. VISÃO ESPIRITUAL DO PROBLEMA Quando olhamos os nossos problemas terráqueos de um ponto de
vista espiritual, eles começam a perder a sua intensidade, o seu valor relativo.
Esta observação equivale a subirmos a uma montanha e de lá olharmos para baixo:
tudo parece em tamanho diminuto. Procede assim aquele que dá mais valor ao
Espírito do que à carne. Esse indivíduo pode passar por todos o tipos de
dificuldade, que continua calmo, paciente, inclusive, agradecendo a Deus pelo
sofrimento, pois o vê como uma forma de ativar a sua evolução espiritual. 7. CONCLUSÃO Lembremo-nos da oração da serenidade em que pedimos a Deus
serenidade para aceitarmos as coisas que não podemos modificar, coragem para
modificarmos aquelas que podemos e sabedoria para distinguir uma da outra. 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA KARDEC, A. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984. MACKENZIE, J. L. (S. J.).
Dicionário Bíblico. São Paulo: Paulinas, 1984. XAVIER, F. C. Ação
e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
São Paulo, abril de 2005
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