Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Comunicação e Linguagem: 2.1.
Comunicação: 2.1.1. Definição; 2.1.2. Divisão; 2.1.3. Mecanismo; 2.2. Linguagem:
2.2.1. Definição; 2.2.2. Diversos Signos; 2.2.3. Mudanças Históricas; 2.2.4.
Divergência; 2.2.5. Caracterização; 2.2.6. Crítica da TV. 3. Dados Estatísticos.
4. Religião Eletrônica: 4.1. Evangélicos; 4.2. Católicos; 4.3. Espiritismo. 5.
Informação e Espiritualidade. 6. Divulgação da Doutrina e Proselitismo. 7.
Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é estudar os meios de comunicação
social (jornais, revistas, rádio, TV etc.) e sua influência sobre nossa vivência
espiritual. Dessa forma, analisaremos a linguagem e comunicação, os veículos de
comunicação, as religiões eletrônicas, a divulgação e proselitismo e a visão
espírita do problema. Esperamos, com isso, contribuir para a melhoria de nossa
atenção, concentração e meditação espiritual. 2. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 2.1. COMUNICAÇÃO 2.1.1. DEFINIÇÃO Comunicar
é tornar algo comum, participar, fazer saber.
Comunicação é ato ou efeito de comunicar. Do latim cum + munus
significa cargo, ofício, função. (Santos, 1965) - O centro de um círculo é comum aos seus
raios. - A atração é comum a todos os corpos. Por
exemplo, o ímã atrai as limalhas de ferro. 2.1.2. DIVISÃO a) passiva
— simplesmente absorve a informação; b) afetiva (ativa) — provoca vivências conscienciais. 2.1.3. MECANISMO Emissor emite uma mensagem que deverá ser captada pelo
receptor. Conforme for o teor da informação, o receptor poderá captá-la
totalmente ou parcialmente. Por isso, há o que se chama de feedback, ou seja, um
acompanhamento de retorno da idéia transmitida, do produto a ser vendido etc. 2.2. LINGUAGEM 2.2.1. DEFINIÇÃO Linguagem é todo sistema de signos que serve de meio de
comunicação entre indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos
sentidos, o que leva a distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem
auditiva, uma linguagem tátil etc. 2.2.2. DIVERSOS SIGNOS oral: uso verbal, palavra; escrita: uso dos diversos alfabetos, frases; som: rádio, televisão etc. imagem: TV, cinema, computador e fotografia. 2.2.3. MUDANÇAS HISTÓRICAS Partindo-se do homem da caverna, nota-se no decorrer do
processo histórico uma alteração substancial na forma de comunicação entre os
seres humanos. Depois que Gutemberg inventou a imprensa, uma quantidade enorme
de informações foram estocadas em livros. O pensamento passou a ser do tipo
conceitual racional. Em nossa era eletrônica, acrescentam-se visualização e
sonorização. 2.2.4. DIVERGÊNCIA Entre pais (adultos) e filhos (jovens). Prende-se ao fato dos
adultos não entenderem a linguagem visual e por monossílabos dos mais jovens.
2.2.5. CARACTERIZAÇÃO Imprensa: publicação de livros, revistas, jornais e
folhetins; cinema: filmes de toda a espécie: sexo, violência e
humor; radio: música e notícias sobre política, futebol. Internet: computadores interligados por rede (mundial).
Uma informação é conhecida no mundo todo tão logo seja veiculada. Televisão: a) comerciais (consumo além da posse); b) telejornal: noticiário local e internacional; c) novela: ficção melodramático, tipo folhetim; d) futebol: "canal do esporte", fortes emoções. 2.2.6. CRÍTICA DA TV Os perigos da "Babá eletrônica" estão precisamente na sua
incapacidade dialogal, pois a ausência do feedback (comunicação de retorno) em
qualquer processo comunicativo acarreta uma absorção compulsória de mensagens
que se acumulam, e cristalizam no receptor uma atitude acrítica, mecanicista e
unilateral, nem sempre passível de ser neutralizada rapidamente. Os recursos audiovisuais parecem estar destinados antes ao
embotamento que ao aperfeiçoamento do cérebro humano. A TV e outros meios de
"massagem" fabricam condutas cada vez menos interiorizadas. A propaganda cerca a
reflexão por todos os lados, oferecendo soluções para qualquer problema. (Melo,
1981) A TV oferece tudo acabado dispensando o espectador de pensar.
Obstrui às crianças saídas interiores para a reflexão. Invade as casas, separa
os pais dos filhos e cria o seu escravo: o teledependente. A TV criou para os
educadores uma nova tarefa quase impossível: ensinar a viver no mundo da
televisão, sem ser seu escravo. (Melo, 1981, p. 11-21) 3. DADOS ESTATÍSTICOS - 80% da população brasileira assiste diariamente à TV. A
maior parte destas pessoas faz dela sua principal - ou única fonte de
informação. - Uma pesquisa da USP, em 1990, revelou que um espectador que
acompanhasse a programação de TV, por duas horas, no horário definido como
"acessível" a crianças e adolescente, assistiria em um ano a: 1.168 piadas sobre sexo; 7.746 cenas de nudez; 12.600 estampidos de tiros. (Estado de São Paulo, 28/11/93,
pág. 3 A) - Pesquisa do Inform/Estado (final de 1994) mostrou que, sem
TV, 22% dos brasileiros não sabem o que fazer da vida. - 83 deputados e 13 senadores detêm concessão de rádio ou TV.
Significa dizer que 1 em cada 6 congressistas são detentores de meios de
comunicação. - National TV Turnoff Week - 24 a 30/04/1995. Proposta do
grupo TV-Free America (América Livre de TV) para os americanos, visto: crianças passarem 40h/semana em frente à tela; adultos (trabalhadores) 4h/dia. (Folha de São Paulo,
20/03/95, pág. C2) 4. RELIGIÃO ELETRÔNICA 4.1. EVANGÉLICOS Possuem, em São Paulo, várias emissoras de rádio e uma de TV.
À frente o bispo Edir Macedo. 4.2. CATÓLICOS Cansados de perder adeptos para as Igrejas Evangélicas, entra
no ar, a partir de 1995, sua emissora REDE VIVA. 4.3. ESPIRITISMO A principal fonte de divulgação é a Rádio Boa Nova de
Guarulhos, que atualmente conta com programas diversificados: ajuda interior,
psicologia espírita, doutrinário, evangélico e outros. 5. INFORMAÇÃO E ESPIRITUALIDADE o apóstolo Paulo mandava ler de tudo e ficar com o que for
bom. Léon Denis, no livro O Problema do Ser, do Destino e da
Dor, no capítulo que trata da disciplina do pensamento e a reforma do
caráter, lembra-nos à sua página 358, do cuidado com as leituras frívolas,
especialmente os jornais. Acha que o excesso dessa leitura ocasiona uma anemia
intelectual. Assistir excessivamente à novela, ao futebol e aos filmes
rouba-nos a oportunidade de estudarmos a Doutrina Espírita, escrevermos algo,
meditarmos sobre alguma questão de melhoria interior, refletirmos sobre nossas
ações etc. Evitando-se a ocasião, evitar-se-ão as emoções que daí
decorrem. Por exemplo: será que conseguimos medir o estoque de energia que se
gasta acompanhando a partida final de um campeonato de futebol? 6. DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA E PROSELITISMO Temos medo de nos tornarmos público por causa da pecha de
estarmos fazendo proselitismo. É correta tal atitude? Proselitismo é fazer
adeptos (congregar). Divulgar é expor os princípios fundamentais do Espiritismo. O Espírito André Luiz diz-nos em Conduta Espírita: "A matéria radiofonizada deve obedecer ao critério da
simplicidade e do respeito, em correlação com fatos comuns e atuais,
clareando-se os temas obscuros ou que exijam maior esforço de compreensão"; "Usar com prudência ou substituir toda expressão verbal que
indique costumes, práticas, idéias políticas, sociais ou religiosas, contrárias
ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso, sobrenatural, milagre e
outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso da terminologia
doutrinária pura"; "Calar qualquer propósito de destaque, silenciando exibições
de conhecimentos, e ajustar-se à Inspiração Superior, comentando as lições sem
fugir ao assunto em pauta, usando simplicidade e precatando-se contra a formação
da dúvida nos ouvintes"; "Escrever com simplicidade e clareza, concisão e
objetividade, esforçando-se pela revisão severa e incessante, quanto ao fundo e
à forma, de originais que devam ser entregues ao público". (Vieira, 1981, pág.
57 a 67) O Espírito Irmão X, no capítulo 12 do livro Cartas e
Crônicas, retrata a responsabilidade de não se divulgar o raciocínio
espírita. Diz-nos que Mota e Licínio eram dois amigos inseparáveis. Licínio
desencarna primeiro. Vem, depois de algum tempo por insistência de Mota,
comunicar as suas impressões do plano espiritual. Começa então a falar das vidas
sucessivas, de que morte não existe. Todas as informações que dava o amigo Mota
dizia saber daquilo. Até que Licínio fica furioso e diz: "Fora daqui,
embusteiro, fora daqui ... Se ele conhecesse as realidades que você confirma ,
jamais me teria deixado no suplício da ignorância... Meu amigo Joaquim Mota é
como eu, enganado nas sombras do mundo... Ele foi sempre o meu melhor irmão!...
Nunca, nunca, permitiria que eu chegasse aqui, mergulhado em trevas!..." Por isso, há muita propriedade no anexim: "Aquele que sabe e
cala-se é como o avarento que amealha tesouros". 7. CONCLUSÃO Vivemos num mundo em que a mídia eletrônica forja caracteres.
É um fato e não pode ser negado. Porém, podemos tranqüilamente seguir o conselho
de Paulo: "Ver de tudo e ficar com o que for bom". O espírita sincero deve responsabilizar-se pelo que conhece.
Nesse sentido, sempre que houver oportunidade de divulgar os princípios da
Doutrina, ele deve fazê-lo com acuidade e precisão, a fim de ganhar o maior
número de almas para o apostolado do Cristo. 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DENIS, L. O Problema do Ser, do Destino e da Dor. 18.
ed., Rio de Janeiro, FEB, 1995.
MELO, J. M. de. Telemania, Anestésico Social. São Paulo, Loyola, 1981.
(Série Comunicação, 13)
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed.,
São Paulo, Matese, 1965.
VIEIRA, W. Conduta Espírita (pelo Espírito André Luiz). 8. ed., Rio de
Janeiro, FEB, 1981.
XAVIER, F. C. Cartas e Crônicas (pelo Espírito Irmão X). 3 ed., Rio de
Janeiro, FEB, 1974.
São Paulo, maio de 2005.
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