A Influência do Espiritismo no Mundo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Espiritismo: 4.1. Doutrina e não Religião; 4.2. Caráter Universalista; 4.3. O Trabalho da Codificação. 5. Razões que Expressam a Influência: 5.1. O Espiritismo Será uma Crença Geral; 5.2. O Espiritismo como Lei; 5.3. Adeptos Conscientes e Educação Individual. 6. A Propagação: 6.1. O Espiritismo não Faz Proselitismo; 6.2. O Avanço da Idéia Espírita; 6.3. O Futuro do Espiritismo. 7. Conclusões. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O Espiritismo se tornará uma crença comum? Se isto for verdade, o que acontecerá com a maioria das religiões? Extinguir-se-ão? Não é uma forma de preconceito pensar o Espiritismo como uma crença comum de todas as pessoas?

2. CONCEITO

O Espiritismo é uma doutrina fundada sobre a crença de existência de Espíritos e nas suas manifestações. A doutrina pressupõe um conjunto de princípios. Os princípios são as molas propulsoras de qualquer Filosofia, Ciência ou Religião. Os princípios espíritas diferem sobremaneira de outros princípios, principalmente dos das doutrinas espiritualistas. Nesse sentido, o Espiritismo difere das religiões pela ausência total de misticismo, não invocando revelações nem o sobrenatural. O Espiritismo só admite fatos experimentais, com as deduções que deles se desprendem. Também se distingue da Metafísica ao repelir todo o raciocínio a priori e toda a solução puramente imaginativa.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Espiritismo formou-se, lentamente, através do tempo. Allan Kardec, com o auxílio dos Espíritos superiores, teve apenas o trabalho de organizar esses conhecimentos esparsos, dando-lhes uma terminologia própria. O druidismo, religião dos celtas da antiguidade, tão bem divulgado por Léon Denis, em suas diversas obras, já acenava para a grandiosidade das idéias espíritas. Sócrates e Platão, considerados os precursores do cristianismo e do Espiritismo, divulgaram amplamente as noções de imortalidade da alma e de reencarnação, princípios fundamentais da Doutrina dos Espíritos.

A criação do termo Espiritismo, por Allan Kardec, serve simplesmente para definir um campo de conhecimento, diferenciando-o das outras formas de espiritualismo. Aplica-se a regra escolástica segundo a qual a definição se faz "per genus proximum et differentiam specificam" (pelo gênero próximo e diferença específica).

Para chegar a essa definição do Espiritismo, Allan Kardec estudou os fenômenos mediúnicos segundo o método teórico-experimental, já posto em prática pela maioria das ciências. Baseado na observação dos fatos mediúnicos, pode oferecer um caráter universalista à nova doutrina que acabava de ser firmar.

4. ESPIRITISMO

4.1. DOUTRINA E NÃO RELIGIÃO

O Espiritismo não é de uma pessoa, de um partido ou de uma instituição. Ele é dos Espíritos, que acharam por bem auxiliar o avanço espiritual das criaturas aqui neste Planeta de provas e expiações. Assim, o primeiro ponto a enfatizar é o seu caráter impessoal e não religioso. Quer dizer, o Espiritismo não é uma religião organizada, em que há sacramentos, rituais, hierarquia de santos etc. Em sua codificação, Allan Kardec deixou claro que ele seria mais bem definido como uma filosofia científica de conseqüências morais. Ao mesmo tempo, abrangeria todos os campos do conhecimento, emprestando-lhes a sua contribuição moral e espiritual.

4.2. CARÁTER UNIVERSALISTA

Os princípios fundamentais do Espiritismo, tais como a imortalidade da alma, a reencarnação e a evolução do espírito imortal, não sendo de uma pessoa e nem de um partido, adquirem caráter universal.

Para que o conteúdo doutrinário não ficasse restrito à autoridade de um único Espírito ou de um único médium, Kardec submetia toda a manifestação mediúnica ao crivo da razão. Apoiando-se no método teórico-experimental das ciências naturais, cruzava as diversas respostas dadas por diversos Espíritos a diversos médiuns, espalhados pelo mundo inteiro. Assim sendo, dizia que "a única garantia séria do ensinamento dos Espíritos está na concordância que existe entre as revelações feitas espontaneamente, por intermédio de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares". (Kardec, 1984, p. 11 a 18)

4.3. O TRABALHO DA CODIFICAÇÃO

A revelação espírita partiu, inicialmente, dos Espíritos superiores. O ser humano teve apenas o trabalho de organizá-la de modo claro, a fim de que todos pudessem inteirar-se de seu conteúdo. O Espiritismo veio na época certa; sua tarefa principal era lançar luz sobre o edifício carcomido pela fé dogmática. Era preciso dar-lhe uma pitada de razão, por isso a fé raciocinada.

Para o êxito da codificação, Allan Kardec recebeu ensinamentos de Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luis, Sócrates, Platão etc. Esses Espíritos luminares fizeram-nos tomar consciência de que, além do mundo material, há um outro que o transcende, ou seja, o mundo espiritual. O fato de ter aparecido em vários pontos da Terra, mostra a grandeza do Criador. Se dependesse apenas de um homem, haveria dúvida por parte de muitos. Mas, como a comunicação foi feita através de diversos médiuns, espalhados pelo mundo, todos puderam ter acesso à informação desses Espíritos. Assim, o Espiritismo é como a verdade, que não é monopólio de ninguém, mas um patrimônio comum da inteligência.

5. RAZÕES QUE EXPRESSAM A INFLUÊNCIA

5.1. O ESPIRITISMO SERÁ UMA CRENÇA GERAL

Pergunta 798. O Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença, apenas por algumas pessoas?

Resposta. "Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos." (Kardec, 1995)

As idéias não se transformam de súbito. Quando uma idéia tem que se impor ao mundo, tanto partidários como oposicionistas concorrem para tal fim. Ao contrário, quando uma idéia, que já cumpriu sua missão, tem que desaparecer, para dar passagem a outra, destinada a substituí-la, as defesas nada mais fazem do fortalecer essa nova idéia. O Espiritismo, sendo lei, impõe-se por si mesmo. (Aguarod, 1976)

5.2. O ESPIRITISMO COMO LEI

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, é uma lei, que expressa o bem e a verdade. Sendo uma lei, há um caráter pragmático de execução. Como lei, independe dos homens, porque não são eles que a construíram. Ela é uma dádiva de Deus, o Absoluto, causa primária de todas as coisas. Os princípios codificados do Espiritismo são universais e, mais tempo ou menos tempo, toda a população estará fazendo uso de tais ensinamentos. A imposição é natural e não através da violência. Isso não quer dizer que todos se tornaram espíritas, o que é impossível, mas que a luz do Espiritismo banhará todo credo, todas pessoas, toda instituição. Não é de ninguém, mas de todos.

5.3. ADEPTOS CONSCIENTES E EDUCAÇÃO INDIVIDUAL

O Espiritismo, não resta dúvida, deverá firmar-se por si mesmo. Se houver adeptos conscientes, o trabalho será menos penoso; se não houver, demorará um pouco mais, contudo a meta do progresso será cumprida.

O Espiritismo não prega a modificação radical da sociedade. Procura, sim, modificar o indivíduo. Por que? Porque a sociedade só se modifica se o sujeito se modificar. Observe a questão da violência. O mundo é violento, porque cada um de nós o é. Se cada um fosse realmente humilde e caridoso, o mundo seria mais fraterno e menos egoísta.

6. A PROPAGAÇÃO

6.1. O ESPIRITISMO NÃO FAZ PROSELITISMO

O Espiritismo não veio para destruir as religiões, nem tampouco tirar o crente de seu credo. Sua função é iluminá-las, com o clarão da verdade, no sentido de afastá-las do erro, do dogmatismo e do fanatismo. Depreende-se, daí, que é um trabalho de longo prazo, porque nada se muda da noite para o dia. Um determinado comportamento, repetido anos após anos, transforma-se numa segunda natureza; faz parte de nós e não nos abandona tão facilmente. Observe: quantas vezes não propomos banir um determinado vício? No início, até que logramos êxito, mas depois de algum tempo, tudo volta como era antes.

6.2. O AVANÇO DA IDÉIA ESPÍRITA

A influência do Espiritismo é silenciosa; ela penetra no âmago do sujeito. Como o Espiritismo não é uma religião, nem tampouco pertence a este ou aquele grupo social, ele tem mais facilidade de expansão. Depende apenas de a razão dizer sim ou não. Contudo, quando os Espíritos superiores querem que uma idéia avance no seio da sociedade, eles saberão escolher as pessoas certas para tal finalidade.

A expansão do Espiritismo é um fato. Quantos não são os adeptos de outras religiões que lêem os livros psicografados por Francisco Candido Xavier? Isso mostra que os ensinamentos espíritas estão sendo divulgados, mesmo sem o sensacionalismo da mídia, porque, sendo universal, não precisa apoiar-se em nada.

6.3. O FUTURO DO ESPIRITISMO

Um filósofo do outro mundo responde à seguinte pergunta: Qual será o futuro do Espiritismo e que lugar ocupará no mundo? "Não só ocupará um lugar: encherá o mundo inteiro. Desde que o homem teve inteligência, Deus lhe inspirou o Espiritismo, e, de época em época, enviou à Terra Espíritos adiantados, que ensaiaram em sua natureza corpórea a influência do Espiritismo. Que era o cristianismo há dezoito séculos senão o Espiritismo? Só o nome diferia; o pensamento era o mesmo; apenas o homem, com seu livre-arbítrio, desnaturou a obra de Deus... Em breve, todos os povos serão espíritas, porque aí está a universalidade de todas as crenças... Avança sem abalos e sem revolução. Nada vem destruir, nada derrubar na organização social. Vem a tudo renovar... Compreendendo que o operário é da mesma essência que a sua, o patrão introduzirá leis suaves e sábias nas suas relações comerciais... Quando pela manifestação espírita, o criminoso puder prognosticar a sorte que o espera, recuará ante a idéia do crime...Que importa aquilo que produz o bem, desde que o bem seja produzido?" (Kardec, 1863, p. 193 e 194.

7. CONCLUSÃO

O futuro da humanidade repousará em torno de um eixo comum, ou seja, a verdade explicada pelo Espiritismo. É por esta razão que não devemos nos preocupar com os atos da vida de Cristo ou mesmo com as suas profecias, mas unicamente pautarmos a nossa vida segundo os ensinamentos morais por Ele proferidos.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.

AGUAROD, Angel. Grandes e Pequenos Problemas. Pelo seu guia espiritual. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1976.

São Paulo, março de 2007.

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