Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO:
1. Introdução. 2. Antecedentes. 3. A Codificação do Espiritismo: 3.1. O
Codificador: 3.1.1. Allan Kardec (1804-1869); 3.2. Coadjuvantes
da Codificação: 3.2.1. Léon Denis
(1846-1927); 3.2.2. Gabriel Delanne (1857-1926); 3.3.3. Camille
Flammarion (1842-1925). 4. Contribuição Italiana: 4.1. Ernesto
Bozzano (1861-1943). 5. A Contribuição Brasileira: 5.1. Bezerra De Menezes (1831-1900);
5.2.
José Herculano Pires (1914-1979); 5.3. Deolindo Amorim (1908-1984); 5.4. Chico
Xavier (1910-2002); 5.5. Divaldo Pereira Franco (1927). 6.
Conclusão. 7. Bibliografia Consultada
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste
estudo é resgatar a vida e a obra de dez eminentes representantes da Doutrina
Espírita. Os nomes escolhidos foram: Allan Kardec, por ser o codificador; Léon
Denis, Gabriel Delanne e Camille Flammarion, por serem coadjuvantes de Kardec;
Ernesto Bozzano, pela catalogação de experiências mediúnicas; Bezerra de
Menezes, por ser o aglutinador do Espiritismo nas terras brasileiras; J. H.
Pires e Deolindo Amorim, pela clareza doutrinária; Chico Xavier, pela
mediunidade de psicografia; Divaldo Pereira Franco, pela expansão mundial da
Doutrina. Como toda a escolha envolve uma não escolha, há muitos outros nomes
que poderiam ser acrescentados a esta lista. Vejamos a contribuição de cada um
dos indicados.
2. ANTECEDENTES
O Espiritismo,
como corpo doutrinário, surgiu oficialmente a partir do lançamento de O
Livro dos Espíritos, de Allan kardec, em 18/04/1857. Contudo, o fenômeno
espírita existe há muito mais tempo, tanto é verdade que J. H. Pires, em O
Espírito e o Tempo, ao analisar os vários horizontes pelos quais a
humanidade passou, resgata parte dessa memória. Ele começa pelo estudo do horizonte tribal (mediunismo primitivo), passa pelo horizonte
agrícola (animismo e culto dos ancestrais), pelo horizonte
civilizado (mediunismo oracular), pelo horizonte
profético (mediunismo bíblico) e termina no horizonte espiritual (mediunidade positiva).
Numa dimensão
estritamente do fenômeno mediúnico, Arthur Conan Doyle, em A História do
Espiritismo, relata-nos as experiências mediúnicas de Emmanuel Swedenborg,
a partir de 1744, de Edward Irving, entre 1830 e 1833, de Andrew Jackson Davis,a
partir de 1844 etc.
Afirma-nos que o
dia 31/03/1848 assinala um marco importante para o novo movimento
espírita-espiritualista mundial,
pois é partir do episódio de Hydesville, vilarejo típico do Estado de New
York, em que as crianças Kate e
Margaret, cujos pais eram de religião metodista, conversam com o Espírito
Charles B. Rosma, um mascate assassinado e enterrado na adega da casa.
Raps,
pancadas ou poltergeist deram o início; depois veio a febre das mesas
girantes, onde o mundo todo tem notícias de pessoas em volta de uma mesa,
esperando-a tornear e trazer mensagens do mundo espiritual.
É Dentro desse
contexto que surge o codificador do Espiritismo.
3. A CODIFICAÇÃO
DO ESPIRITISMO
3.1. O
CODIFICADOR
3.1.1. ALLAN
KARDEC (1804-1869)
Hippolyte-Léon Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec, nasceu
em 3 de outubro de 1804 e desencarnou em
31 de março de 1869.
Allan
Kardec foi
escolhido para ser o codificador do Espiritismo em virtude de suas duas encarnações
anteriores: 1) como sacerdote druida, chamado Allan Kardec, na época de Júlio
César, no século VI a. C.; 2) como professor da universidade de Praga, queimado no dia 06/07/1415, juntamente com Jerônimo de Praga.
Aliada à sua
bagagem de vidas pretéritas, teve o apoio incondicional do Espírito Verdade,
que prometeu auxiliá-lo em todas as suas tarefas, visto a obra a ser
extremamente importante para toda a humanidade, no sentido de mudar a visão de
mundo, que se mostrava essencialmente materialista. Esta nova doutrina viria
resgatar os ensinamentos do Mestre Jesus, colocando-os no seu devido lugar,
tanto em teoria quanto em prática. Seria, também, uma ferramenta de trabalho
que auxiliaria o ser humano a pensar mais racionalmente a fé e a revelação.
Auxiliado por uma
plêiade de Espíritos Superiores, pode trazer a lume as Obras Básicas, que se
consubstanciaram em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho
Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Além desses livros
publicou também a Revista Espírita, periódico mensal, cuja 1.ª edição
deu-se em 1.º de janeiro de 1858.
(KARDEC, 1981).
3.2. COADJUVANTES DA CODIFICAÇÃO
O Espírito
Humberto de Campos, em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho,
diz que “Segundo os planos de trabalho do mundo invisível, o grande missionário,
no seu maravilhoso esforço de síntese, contaria com a cooperação de uma plêiade
de auxiliares de sua obra, designados particularmente para coadjuvá-lo, nas
individualidades de João-Batista Roustaing, que organizaria o trabalho da fé;
de Léon Denis, que efetuaria o desdobramento filosófico; de Gabriel Delanne,
que apresentaria a estrada científica; de Camille Flammarion, que abriria a
cortina dos mundos, desenhando as maravilhas das paisagens celestes, cooperando
assim na codificação kardeciana no Velho Mundo e dilatando-a com os necessários
complementos”. (Xavier, 1977, p. 176)
3.2.1. LÉON
DENIS (1846-1927)
Quando Allan
Kardec desencarnou, Léon Denis estava com 23 anos de idade e viveria ainda mais
de 58 anos, tempo suficiente para assimilar e ampliar o conteúdo doutrinário
trazido pelo Codificador. De acordo com o seu biógrafo, Gaston Luce, Léon
Denis e Allan Kardec têm, entre si, íntima relação. Ambos são druídas
reencarnados, pois viveram nas Gálias, no século V a. C.. O nome Léon Denis
está escrito no de Kardec, ou seja, Hippolyte LEON DENIZard Rivail. São
Jerônimo de Praga, seu guia espiritual, fora discípulo de João Huss (encarnação
anterior de Kardec), os dois queimados vivos, no Século XV, por ordem do Concílio
de Constança.
A integridade de seu caráter criava-lhe condições necessárias
para o cumprimento do seu dever. Ao cogito ergo sum de Descartes,
acrescenta: "Eu sou e quero ser sempre mais do que sou". Vegetariano,
dizia que não havia bebida melhor do que a água. De moral elevada, procurava
cumprir tudo o que prometia. Tornou-se, com o tempo, um autodidata, o que lhe
conferia pensar com a própria cabeça.
A propagação do
Espiritismo não foi tarefa fácil. Como acontece com toda a idéia nova,
sofreu, também, os ataques de seus opositores. Léon Denis teve de lutar contra
o materialismo, a falta de idealismo, o cientificismo e o positivismo de Augusto
Comte, que grassavam nas universidades. As conferências, os congressos e os
livros publicados foram suas armas para a divulgação e a consolidação do
edifício doutrinário, alicerçado pelas pesquisas e análises de Allan Kardec.
Escreveu, entre
outras, as seguintes obras: Porquê da Vida,
1885; Depois da Morte, 1890; Cristianismo e Espiritismo,
1898; Joana D'Arc Médium, 1910; O Grande Enigma,
1911; O Mundo Invisível e a Guerra, 1919; O Gênio Céltico
e o Mundo Invisível, 1927. (LUCE, 1968)
3.2.2. GABRIEL
DELANNE (1857-1926)
Allan Kardec, Léon Denis e Gabriel Delanne merecem, por seu
devotamento à Ciência Espírita, serem chamados "Apóstolos do
Espiritismo". Dentre eles, apenas Gabriel Delanne nasceu numa família
que já conhecia o Espiritismo. Allan Kardec, quando iniciou as suas atividades
espíritas, já tinha 51 anos. Léon Denis, a seu turno, viveu 16 anos sem ter
ouvido falar de Espiritismo.
Seu pai, Alexandre Delanne, ao viajar em negócios, ouviu
falar do Espiritismo, o que lhe ensejou a leitura de O Livro dos Espíritos
e O Livro dos Médiuns. Depois dessa leitura, teve a curiosidade de
conhecer pessoalmente Allan Kardec. Fê-lo, e foi acolhido fraternalmente pelo
Codificador do Espiritismo. Tornaram-se amigos, a ponto de Allan Kardec freqüentar
a sua casa. Foi dentro desse ambiente que cresceu Gabriel Delanne.
- Foi fundador, juntamente com seu pai, da União Espírita
Francesa, em 24/12/1882; - Colaborador e redator da revista bimensal Le
Spiritism, em março de 1883; - Auxiliou na fundação da Federação
Francesa-Belgo-Latina, em 1883; - Durante os anos de 1886, 1887, 1888, 1889 e
1890 fez inúmeras conferências de propaganda do Espiritismo. - Em julho de
1896 apareceu o 1.º número da Revista Científica Moral do Espiritismo,
fundada por Gabriel Delanne.
Deixou-nos diversas obras, entre as quais, citamos:Le Spiritisme devant la Science (O Espiritismo perante a Ciência), em 1885; Le Phénomène Spirite (O Fenômeno Espírita), em 1896;L’Évolution Animique (A Evolução Anímica), em 1897. (BODIER e REGNAULT, 1988).
3.3.3.
CAMILLE FLAMMARION (1842-1925)
Flammarion foi um homem
cujas obras encheram de luzes o século XIX. Ele era o mais velho de uma família
de quatro filhos, entretanto, desde muito jovem se revelaram nele qualidades
excepcionais. Queixava-se constantemente que o tempo não lhe deixava fazer um décimo
daquilo que planejava. Aos quatro anos de idade já sabia ler, aos quatro e meio
sabia escrever e aos cinco já dominava rudimentos de gramática e aritmética.
Tornou-se o primeiro aluno da escola onde freqüentava. Para que ele seguisse a
carreira eclesiástica, puseram-no a aprender latim com o vigário Lassalle. Aí
Flammarion conheceu o Novo Testamento e a Oratória. Em pouco tempo estava lendo
os discursos de Massilon e Bonsuet. O padre Mirbel falou da beleza da ciência e
da grandeza da Astronomia e mal sabia que um de seus auxiliares lhe bebia as
palavras. Esse auxiliar era Camille.
Tornando-se espírita
convicto, foi amigo pessoal e dedicado de Allan Kardec, tendo sido o orador
designado para proferir as últimas palavras à beira do túmulo do Codificador
do Espiritismo, a quem denominou o bom senso encarnado. Camille Flammarion,
segundo Gabriel Delanne, foi um filósofo enxertado em sábio, possuindo a arte
da ciência e a ciência da arte. Flammarion – poeta dos Céus, como o
denominava Michelet – tornou- se
baluarte do Espiritismo, pois, sempre coerente com suas convicções inabaláveis,
foi um verdadeiro idealista e inovador.
Eis algumas de
suas obras: Deus na Natureza, As Casas Mal- Assombradas, Narrações do
Infinito, Sonhos Estelares, Urânia, Estela e O Fim do Mundo.
(Grandes Vultos do Espiritismo)
4. CONTRIBUIÇÃO
ITALIANA
4.1. ERNESTO
BOZZANO (1861-1943)
A contribuição
de Ernesto Bozzano foi providencial para a propagação do Espiritismo além
fronteira francesa. Bozzano era um cientista materialista-positivista. Em
1891 o professor Ribot, diretor da "Revista Filosófica", informou-o
do lançamento da revista "Anais das Ciências Psíquicas", dirigida
pelo Dr. Darieux, sob a inspiração do professor Charles Richet. A sua primeira
impressão sobre a revista foi desairosa, dado o fato de considerar verdadeiro
escândalo a circunstância de representantes da ciência oficial discutirem
seriamente a possibilidade da transmissão do pensamento de um a outro
continente, da aparição de fantasmas e das casas mal-assombradas. O prof.
Rosenbach de Peterburgo escrevera violento artigo na "Revista Filosófica",
contra a introdução desse novo misticismo no domínio da psicologia oficial.
Na edição subseqüente, Richet refutou ponto por ponto, as afirmações errôneas
de Rosenbach e as suas inconsistentes considerações, tendo esse artigo o mérito
de convencer Bozzano.
Nesses mesmos dias aparecia o famoso livro de Gurney, Podmore
e Myers: "Fantasmas dos Vivos", relatando grande número de casos
devidamente controlados e bem documentados. Os últimos resquícios de dúvida
de Bozzano em torno da crença na existência de fenômenos telepáticos foram
assim dissipados. Daí por diante dedicou-se, com fervor, ao estudo dos fenômenos
espíritas, através das obras de Kardec, Léon Denis, Delanne, Gibier, Crookes,
Wallace e outros.
Formou um grupo com a participação do dr. Giuseppe Venzano,
Luigi Vassalo e os professores Enrique Morselli e francisco Porro, da
Universidade de Gênova. Esse grupo deu o que falar à imprensa italiana e
estrangeira, pois praticamente havia se obtido a realização de quase todos os
fenômenos, culminando com a materialização de seis espíritos perfeitamente
visíveis.
Escreveu, entre outras, as seguintes obras: Dos Casos de
Identificação Espírita, Dos Fenômenos Premonitórios, Animismo
e Espiritismo, Pensamento e Vontade, Os Enigmas da Psicometria, A
Crise da Morte, Xenoglossia. (Anuário Espírita de 1966)
5. A CONTRIBUIÇÃO
BRASILEIRA
5.1. BEZERRA DE
MENEZES (1831-1900)
Com 20 anos de idade, muda-se para o Rio de Janeiro, onde, às
duras penas, forma-se em medicina. Cognominado o "médico dos pobres",
Bezerra de Menezes tem uma biografia exemplar de renúncia para com o dever
cumprido, custe ele o que custar. Antes de se tornar espírita, a sua conduta
era a de um cristão. Nesse sentido, tão logo toma conhecimento de "O
Livro dos Espíritos" não lhe fica difícil exclamar que era um "espírita
de nascença", ou um "espírita inconsciente", pois tudo o que
ali estava relatado lhe parecia familiar.
Três exemplos de vida: 1) quando convocado à política, renúncia
ao soldo militar; 2) quando estudante, em dificuldade para pagar o aluguel de
seu quarto, prepara aula de matemática (matéria que detestava) para aluno, que
lhe pagou antecipado e nunca mais apareceu; 3) como médico, atende a qualquer
hora, institui a leitura do Evangelho e renuncia à medicina ortodoxa para
aceitar, a convite dos Espíritos, a homeopatia.
A sua grande missão foi a de aglutinar o movimento espírita.
Naquela época havia muitas divergências com relação ao termo Espiritismo.
Denominava-se Doutrina Espírita apenas o que constava de "O Livro dos Espíritos";
os estudiosos dos demais livros de Kardec se chamavam kardecistas. Chegou-se a
criar um Espiritismo Puro, eqüidistante de "científicos" e "místicos".
Além destes existia ainda um grupo que se dedicava com afinco ao estudo das
obras de J. B. Roustaing. Esse quadro perdurou até a chegada de Bezerra de
Menezes, espírito moderado e pacificador que, assumindo a presidência da FEB,
conseguiu diminuir os elementos dispersivos.
Algumas de suas obras: A Casa Assombrada, A Loucura sob
Novo Prisma, A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica.(
ABREU, s.d.p.)
5.2. JOSÉ
HERCULANO PIRES (1914-1979)
José Herculano
Pires foi escritor, jornalista, educador, filósofo e tradutor. Segundo o Espírito
Emmanuel, o melhor metro que mediu Allan Kardec. Isso deu ensejo à inclusão do
termo apóstolo de Kardec ao título do livro escrito por Jorge Rizzini, J. H. Pires:
O Apóstolo de Kardec, em que recobra a memória desse ilustre espírita
brasileiro.
Desde a adolescência que temas filosóficos, inclusive de
caráter religioso, interessaram Herculano Pires. Nascido em família católica,
permaneceu no catolicismo até os quinze anos de idade. Depois, veio a crise.
Mas, o que o levou a converter-se ao Espiritismo? Numa entrevista gravada por
Jorge Rizzini, disse ter sido o raciocínio, pois a religião que professava não
explicava convincentemente as suas dúvidas. Contudo, não foi direto para o
Espiritismo; passou antes pela Teosofia. Caindo-lhe nas mãos um exemplar de O
Livro dos Espíritos, encontrou tudo o que procurava.
Defensor inconteste da
Doutrina Espírita, era um conferencista ardoroso. Combateu erros doutrinários,
principalmente aqueles cometidos pelas Federações. A cada correção dava as
suas razões. Não queria que um órgão coordenador do movimento espírita
pudesse propagar falhas doutrinárias.
Alguns livros de
sua autoria: Introdução à Filosofia Espírita,
pela Paidéia, Mediunidade (Vida e Comunicação), pela Edicel, O Espírito
e o Tempo, pela Edicel, Agonia das Religiões, pela Paidéia, Revisão
do Cristianismo, pela Paidéia. (RIZZINI, 2001)
5.3. DEOLINDO
AMORIM (1908-1984)
Deolindo Amorim, baiano, foi jornalista,
escritor, sociólogo e espírita. De religião católica,
em certa época professou também o protestantismo, mas integrando-se por volta
de 1932, em reuniões do C. E. Jorge Niemeyer, no Espiritismo, serviu com
inexcedível dedicação, com total fidelidade a Allan Kardec, tornando-se ao
longo dos anos um intérprete fiel da Doutrina Consoladora. Deolindo Amorim foi
um intelectual que se dedicou ao Espiritismo, que assimilou a Doutrina
integrando-se na mundividência espírita.
Expositor hábil,
lúcido e convincente, proferiu inúmeras palestras e conferências, uma delas
sobre o "Suicídio à Luz do Espiritismo" no Instituto Pinel (Hospital
de Doentes Mentais), da Universidade do Brasil, levando, assim, as idéias espíritas
ao ambiente universitário não-espírita. Estampou colaboração constante em
diversos órgãos do Brasil e do exterior, tendo sido também redator de Mundo
Espírita (antigamente no Rio e posteriormente transferido para o Paraná) e
de Estudos Psíquicos, revista que se edita em Lisboa (Portugal).
Alguns títulos de
seus livros: Africanismo e Espiritismo (com uma edição na Argentina), O
Espiritismo e os Problemas Humanos(com uma edição na Argentina), Espiritismo
à Luz da Crítica, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualista. (MARTINS,
1989)
5.4. CHICO
XAVIER (1910-2002)
Com mais de 400
obras psicografadas, que transformadas em
tempo perfazem aproximadamente 11 anos de transe mediúnico.Chico
Xavier, com 92 anos de idade, deixou-nos em 30/06/2002, ficando dele os exemplos
de fé, esperança e caridade.
Sua atividade mediúnica
começou desde garoto, isto é, desde os 5 anos de idade, quando já conversava
com sua mãe desencarnada. Dela recebia uma série de conselhos que o ajudaram a
suportar todos os revezes e dissabores de sua infância sofrida junto à sua
madrinha. Educado no catolicismo, não foi muito fácil a aceitação dos
parentes e amigos sobre o desenvolvimento de sua mediunidade. As suas obras
psicografadas servem de lenitivo para as almas enfermas que gravitam neste mundo
de provas e expiações.
O Espírito
Emmanuel é o seu guia protetor. Esse espírito, como a maioria dos Espíritas
sabe, foi Públio Lêntulus, senador romano da Antigüidade. Diz-se também que
ele teve uma reencarnação no Brasil como Padre Manoel da Nóbrega. É por
intermédio de Emmanuel que o Chico Xavier escreveu a maioria de seus livros. Além
disso, guia-o, inclusive, no aprimoramento do idioma português, para melhor
expressar a Doutrina dos Espíritos. Confessa isso no programa Pinga Fogo,
levado ao ar pela antiga TV Tupi, em 1971.
A vida de Chico Xavier é entremeada de muitos fatos, entre
os quais, relatamos:
1º) para auxiliar um cego que tinha sofrido uma queda, precisou da colaboração
de 2 prostitutas, que depois mudaram de vida em virtude de suas preces;
2º) relata o episódio do avião, que em pleno vôo começou a fazer peripécias
no espaço e, ele como os demais tripulantes, começaram a gritar no que
Emmanuel retruca: "Se tiver de morrer, morra com educação";
3º) sua vizinha roubava-lhe as verduras. Pede auxílio à sua mãe, já
desencarnada. Esta o aconselha, quando todos saírem, a entregar a chave da casa
para a vizinha tomar conta. Conseqüência: acabou o furto
Das suas inúmeras
obras, citamos: Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho,
pelo Espírito Humberto de Campos, A Caminho da Luz, pelo Espírito
Emmanuel, Nosso Lar, pelo Espírito André Luiz e Vinha de Luz,
pelo Espírito Emmanuel. (IBSEN, 1994)
5.5. DIVALDO
PEREIRA FRANCO (1927)
Desde a infância que se comunica com os Espíritos. Cursou a
Escola Normal Rural de Feira de Santana, recebendo o diploma de professor primário,
em 1943. Aos 18 anos, em 1945, Divaldo mudou-se para Salvador, tendo sido
aprovado no concurso para o IPASE (Instituto de Previdência e Assistência dos
Servidores do Estado), onde ingressou em 05 de novembro de 1945. Administra a
Mansão do Caminho, gigantesca obra social educacional em Salvador, que está
atendendo atualmente a 3.000 crianças carentes por dia.
Ainda jovem, foi abalado pela morte de seu irmão mais velho,
o que o deixou traumatizado e enfermo. Foram consultados diversos médicos
especialistas, sem obter nenhum resultado satisfatório. Foi a mão amiga de
dona Ana Ribeiro Borges que o conduziu à Doutrina Espírita, libertando-o do
trauma e trazendo a consolação tanto para ele, como para toda a família.
Percorreu mais de 1.000
cidades, 53 países e 11.000 palestras proferidas. Recebeu quase 600 homenagens,
procedentes de Instituições culturais, políticas, universidades, associações
beneficentes, núcleos espiritualistas, centros espíritas etc., destacando-se o
título de Doutor Honoris Causa em Humanidades pela Universidade do Canadá
e, no Brasil, mais de 80 títulos de cidadania.
Em 1964, Joanna de Ângelis selecionou várias mensagens de
sua autoria e enfeixou-as no livro "Messe de Amor", que se tornou o
primeiro livro psicografado por Divaldo. Atualmente, o médium é recordista e
conta com 175 títulos publicados, incluindo os biográficos que retratam a sua
vida e obra. Seis milhões de exemplares (edições e reedições), sendo que
cerca de 80 obras foram traduzidas para outros idiomas (francês, inglês,
castelhano, polonês, checo, esperanto, alemão, turco, sueco, holandês, albanês
italiano e braille). (FERNANDES, 2000)
O estudo ora
encetado mostrou-nos que refletindo sobre uma linha mestra de raciocínios e de
pesquisas poderemos aguçar o nosso pensamento para os dados relevantes que se
apreendem do edifício doutrinário, o que implica afastarmo-nos dos livros ou
obras que nada acrescentam ao perfeito entendimento do conteúdo doutrinal do
Espiritismo.
7. BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA
ABREU, C. Bezerra de Menezes - Subsídios para a História do
Espiritismo no Brasil, até o ano de 1895.
Anuário Espírita de 1966, Araras, Ide, 1966.
BODIER, Paul e REGNAULT, Henri. Gabriel Delanne: Sua Vida, seu
Apostolado, sua Obra. Rio de Janeiro, C. E. Léon Denis, 1988.
FERNANDES, Washington Luís Nogueira. Atos do Apóstolo Espírita: Conheça
um pouco a Vida de Divaldo. São Paulo: Feesp, 2000.
Grandes Vultos do Espiritismo.
IBSEN, S. R. (Organizador). Chico
Xavier por ele mesmo. São Paulo, Martin Claret, 1994.
KARDEC, A. O Que é o Espiritismo. 23. ed., Rio de Janeiro,
FEB, 1981.
LUCE, G. Vida e Obra de Léon Denis. São Paulo, Edicel, 1968.
MARTINS, Celso. Recordando Deolindo Amorim
Capivari, Lar/ABC, 1989.
RIZZINI, Jorge. J. Herculano Pires: O Apóstolo de Kardec. São
Paulo: Paidéia, 2001.
XAVIER, F. C. Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, pelo Espírito Humberto de Campos.
11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
São Paulo, julho de 2002
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