Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Palavras Iniciais. 4. Ação Magnética no Processo de Cura: 4.1. A Função do Fluido universal; 4.2. Níveis de Condensação do Fluido Universal; 4.3. A Ação dos Espíritos sobre a Matéria. 5. As Dimensões da Fé: 5.1. Como Sentimento Inato; 5.2. Fé Humana, Divina, Dogmática e Racional; 5.3. A Fé como Sentido da Vida. 6. Fé, Vontade, Espírito e Espiritismo: 6.1. Os Milagres derrogam as Leis Naturais? 6.2. Basta a Fé para Curar? 6.3. O Poder da Fé. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é mostrar que o magnetismo pessoal aliado a uma fé ardente e impulsionado pela vontade tem um poder ilimitado de cura.
2. CONCEITO
Cura – Ação ou efeito de curar. Tratamento, recuperação da saúde. Fig. Melhoria, regeneração, emenda; solução.
Fé - do latim fides. O termo é empregado em muitas acepções que poderiam ser divididas em profanas e religiosas. No sentido profano, significa dar crédito na existência do fato, fazer bom juízo sobre alguém, expressar sinceridade no modo de agir etc. Quando o testemunho no qual se baseia a confiança absoluta é a revelação divina, fala-se de Fé no seu sentido religioso. A Fé, neste sentido, não é um ato irracional. Com efeito, o espírito humano só pode aderir incondicionalmente a um objeto quando possui a certeza de que é verdadeiro (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo).
"Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade. Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer "eu creio", mas afirmar: "eu sei", com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento". (Xavier, 1977, pergunta 354)
3. PALAVRAS INICIAIS
Para avivar o nosso interesse sobre o assunto da cura pela fé, anotaremos algumas idéias:
1. As curas relatadas no Evangelho denotam os milagres realizados por Jesus. Dentre eles, lembramos a cura de uma mulher que sofria hemorragia durantes 12 anos, a do paralítico, a dos dez leprosos, a do que tinha uma das mãos secas, a da mulher curvada, a dos possessos etc.
2. Diante desses fatos, parece-nos que Jesus estava acima das Leis Naturais. Contudo, não é o caso. É que conhecedor do magnetismo e das suas manipulações podia operar curas, que aos olhos do vulgo pareciam milagres, ou seja, acontecimentos que derrogam as leis conhecidas da matéria.
3. Aspectos dogmáticos da fé: muitas seitas cristãs acham que se deve recorrer exclusivamente à prece para obter cura dos males físicos, sem utilizar médico ou remédio.
4. O poder da fé tem sido também estudado pelos cientistas. Recentemente, em programa de televisão, houve a comunicação de uma experiência feita num hospital. Os pacientes de uma determinada doença foram separados em dois grupos: o que recebeu prece e o que não a recebeu. O grupo que recebeu vibrações através da prece à distância teve uma melhora mais rápida do que o grupo que não recebeu.
4. AÇÃO MAGNÉTICA NO PROCESSO DE CURA
4.1. A FUNÇÃO DO FLUIDO UNIVERSAL
O fluido universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o da imponderabilidade e o da ponderabilidade, que são os diversos níveis de condensação que a matéria pode assumir. Para uma compreensão mais clara, partamos da idéia de que Deus é a causa primária de todas as coisas. Dele vertem-se dois princípios: espiritual e material. O Espírito é individualização do princípio espiritual e o corpo físico a individualização do princípio material. O Espírito precisa do fluido universal para se comunicar com o corpo físico.
4.2. NÍVEIS DE CONDENSAÇÃO DO FLUIDO UNIVERSAL
1) Matéria. Solidificação do fluido universal.
2) Corpo Físico – células e órgãos – é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve para e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce a sua ação.
3) Fluido Vital é o elemento que dá vida à matéria orgânica. Pode ser denominado de magnetismo ou eletricidade.
4) Perispírito – invólucro semi-material do Espírito. Nos encarnados, serve de laço intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do Espírito.
5) Ectoplasma – situado entre matéria densa e a matéria perispirítica – serve para a realização dos fenômenos de efeitos físicos, principalmente a materialização.
4.3. A AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA
O Espírito, embora seja alguma coisa, difere de tudo aquilo que conhecemos por matéria. Dada a sua natureza espiritual, necessita de um elemento semi-material para que possa agir sobre a matéria (corpo físico). Allan Kardec denominou este elemento de Perispírito. Conclui-se que o Espírito somente atua sobre a matéria se fizer uso do Perispírito. Observe que no próprio processo de reencarnação há uma ligação de átomo por átomo, célula por célula do princípio espiritual com o princípio vito-material do germe.
Assim sendo, é através do perispírito que os Espíritos auxiliam na cura de uma doença. Neste caso, o médium seria apenas um intermediário.Contudo, o médium pode usar o seu próprio magnetismo e transferir as suas energias balsamizantes para o outro ser mais debilitante. Por isso, na época de Kardec, falava-se muito em magnetizadores, sendo, inclusive, um dos motivos que levou Kardec a freqüentar as reuniões de mesas girantes.
5. AS DIMENSÕES DA FÉ
5.1. A FÉ COMO SENTIMENTO INATO
Tanto na teologia cristã quanto na Doutrina Espírita, partimos do princípio de que a fé é algo inato no ser humano. É como que uma luz lançada por Deus na mente e no coração de cada crente. O fato de tomar diferentes nuances, em cada uma das diversas crenças, revela a sabedoria divina de que a compreensão da natureza depende exclusivamente da capacidade evolutiva de cada um. Freqüentar o Espiritismo não nos torna mais sábio do que o católico, do que o protestante, do que o ateu etc.
5.2. FÉ HUMANA, DIVINA, DOGMÁTICA E RACIONAL
No âmbito da Doutrina Espírita, Allan Kardec ao discutir o problema da Fé, ensina-nos que ela pode ser dividida em fé humana e divina. A Fé humana pode ser expressa como a confiança do homem em suas forças, em sua natureza e em seus propósitos de vida. É a expectativa do pedreiro que, ao começar uma construção, tem certeza que irá terminá-la. É a confiança do médico que, ao iniciar uma cirurgia, acredita que irá finalizá-la e proporcionará um alívio à pessoa enferma. A Fé divina pressupõe a confiança num ser transcendental, que se alia à fé humana. Voltando ao exemplo do pedreiro e do médico: os dois conhecem as técnicas tanto para levantar paredes quanto para recortar o corpo humano, mas submetem-se aos imperativos de uma força maior, de uma força transcendental, que é Deus. Ainda: o sentimento inato pode ser expresso como dogmático – crer cegamente num artigo de fé – ou racional – tudo passando pelo crivo da razão. É por isso que Allan Kardec diz: “Não há inabalável senão aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade”.
5.3. A FÉ COMO SENTIDO DA VIDA
Movimentarmo-nos na vida revela uma faceta da fé. Nas ações mais ordinárias, nos atos de adoração a Deus, no cuidado com o meio ambiente estamos nos expressando como imagem e semelhança de Deus. E quanto mais aprendemos, mais vamos nos submetendo a voz de um Deus interior, que quer sempre o nosso bem. Com a captação desses conhecimentos, aprendemos que nem o nosso próprio corpo nos pertence, pois foi doado Deus para auxiliar a nossa evolução espiritual.
No que tange à manifestação da fé, o importante é respeitar cada qual em sua crença, pois embora ela tenha ligação com os aspectos históricos, culturais e ideológicos de um povo, no fundo, cada qual, só responderá por aquilo que tiver plantado dentro do seu próprio coração.
6. FÉ, VONTADE, ESPÍRITO E ESPIRITISMO
6.1. OS MILAGRES DERROGAM AS LEIS NATURAIS?
A vinda de Jesus, como vimos anteriormente, foi marcada pelos diversos milagres que realizava. Algumas vezes dizia: “tua fé te curou”. Ele curava, mas não eram todos os que podiam ser curados. Precisava de um elemento adicional, ou seja, a crença do enfermo, daquele que recebeu o fluido magnético.
No âmbito da Doutrina Espírita os fatos, considerados milagrosos, não derrogaram as leis da natureza. Foram apenas a manipulação correta do fluido universal. Assim, quando soubermos usar o nosso magnetismo e a nossa vontade conseguiremos os mesmos prodígios que conseguiram os apóstolos, depois da advertência de Jesus, a respeito da pouca fé dos mesmos. Ele disse: “Se tiverdes a fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte para passar para o outro lado, e ele passará”.
6.2. BASTA A FÉ PARA CURAR?
Aqui, Allan Kardec, faz indiretamente um crítica às seitas cristãs, que apelam unicamente para a fé, não permitindo que seus adeptos vão à procura de orientação médica. O crente será curado? Basta orar para nos livramos de nossas provações? A prece auxilia, dá-nos mais força, mais energia, mas não nos livra das provas que devemos passar. Do mesmo modo é a fé. Ela auxilia-nos, mas antes de tudo, devemos ter em mente o merecimento. Será que estamos aptos para a saúde? O Espírito Irmão X, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, relata-nos nos capítulos 25 (Cura) e 26 (Doentes e Doenças), do livro Estante de Vida e capítulo 40 (Rogativa Reajustada), do livro Luz Acima, os inconvenientes de apressar a cura do ser humano. Para conviver com a saúde, temos de nos preparar para ela.
6.3. O PODER DA FÉ
"O poder da Fé recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age sobre o fluido, agente universal, lhe modifica as qualidades e lhe dá uma impulsão, por assim dizer, irresistível. Por isso aquele que, a um grande poder fluídico normal junta uma Fé ardente pode, apenas pela vontade dirigida para o bem, operar esses fenômenos estranhos de cura e outros que, outrora, passariam por prodígios e que não são, todavia, senão as conseqüências de uma lei natural. Tal o motivo pelo qual Jesus disse aos apóstolos: se não haveis curado é que não tínheis fé" (Kardec, 1984, cap. XIX, item 5).
7. CONCLUSÃO
Tenhamos sempre em mente o nosso aprimoramento espiritual. É somente através das virtudes evangélicas que podemos nos curar e auxiliar a cura dos outros com êxito.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ÁVILA, F. B.
de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de Janeiro: M.E.C.,
1967.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo.
17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE,
1984.
XAVIER,
F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB,
1974.
XAVIER,
F. C. Luz Acima pelo Espírito Irmão X. 4. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1978.
XAVIER,
F. C. O Consolador, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed., Rio de Janeiro: FEB,
1974.
São Paulo, 12/05/2004
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