Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Gerais.
4. Sessão Espírita: 4.1. Sessão Espírita: Nosso Ponto de Partida; 4.2. Sessões
Prioritárias e Sessões Secundárias; 4.3. Objetivo Central de uma Sessão
Espírita. 5. O Indivíduo e o Grupo: 5.1. Relacionamentos; 5.2. Responsabilidade;
5.3. Lei de Cooperação. 6. Cristianismo Redivivo: 6.1. Os Ensinamentos de Jesus;
6.2. O Consolador Prometido; 6.3. Praticando os Ensinamentos de Cristo no Centro
Espírita. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO Para que possamos entender as razões pelas quais um Centro
Espírita torna-se uma universidade da alma, dividimos o nosso estudo em sessão
espírita, trabalho em grupo e Cristianismo redivivo. 2. CONCEITO Centro Espírita
- "Local onde os espíritas se
reúnem para trabalhos e estudos doutrinários". Universidade – Do latim universitas, termo que dá
idéia de um centro (unus), voltado (versus), para a pluralidade de
objetos. Uma idéia, pois, de unidade na pluralidade. O termo se refere hoje a
instituições de ensino superior, congregando de modo integrado, mais de uma
unidade aplicada a determinado ramo do saber. Tais unidades são chamadas
Faculdades ou Escolas Superiores. (Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo) Alma – Princípio independente da matéria, que dirige o
corpo. 3. ASPECTOS GERAIS Para que um Centro Espírita exista, há necessidade de
estruturá-lo física, legal e espiritualmente. No âmbito físico, convém prover as
condições de higiene satisfatórias, farta ventilação e fácil fluxo das pessoas.
Legalmente, deve-se prezar pelo cumprimento da lei humana no que diz respeito à
formação de uma sociedade civil, mantendo-se em dia os livros contábeis e as
atas das reuniões. Espiritualmente, motivar as pessoas para o perfeito
equilíbrio no campo das emoções e na mudança de comportamento. Uma vez registrado o Estatuto nos órgãos competentes, o
Centro Espírita está legalmente apto para começar a funcionar. Para tanto, deve
eleger uma Diretoria Executiva, a qual será responsável pelos destinos da
entidade durante um determinado período de tempo. O desempenho de suas
atividades é facilitado pela confecção dos Regimentos Internos. A maioria dos Centros Espíritas desenvolve suas atividades
através dos quatro departamentos, a saber: Departamento de Assistência
Espiritual, Departamento de Ensino Doutrinário; Departamento de Infância,
Juventude e Mocidade e Departamento de Assistência Social. Para que haja um
perfeito entrosamento destes com a Diretoria Executiva, faz-se necessário,
muitas vezes, que cada um destes setores renuncie algo de si em favor de todos. Questão que se levanta: como fazer com que um Centro
Espírita se torne realmente uma universidade da alma? É o que pretendemos
elaborar a seguir. 4. SESSÃO ESPÍRITA 4.1. SESSÃO ESPÍRITA: NOSSO PONTO DE PARTIDA A Sessão Espírita é o ponto de partida de nosso
estudo, pois todas as atividades emergem dela. Podemos defini-la como toda a
sessão, mediúnica ou não, que se realiza numa Casa Espírita. As diversas
reuniões, para que realmente expressem a rubrica "espírita", devem estar
alicerçadas na Doutrina dos Espíritos. Sem essa base, o edifício do Centro fica
comprometido, e é quando vemos a inserção de conteúdos e práticas de outros
credos e religiões. 4.2. SESSÕES PRIORITÁRIAS E SESSÕES SECUNDÁRIAS As sessões espíritas podem ser vistas sob dois ângulos:
prioritárias e secundárias. As sessões prioritárias dizem respeito ao
estudo e aprendizado da Doutrina. São os cursos, as palestras e as preleções. As
secundárias dizem respeito à Assistência Espiritual, à Assistência Social
e às Sessões de Desenvolvimento Mediúnico. O ensino pode ser feito através de cursos ou não cursos. Os
cursos têm a vantagem de transmitir o conhecimento – passando do simples para o
complexo ou do conhecido para o desconhecido – de forma ordenada, sem que haja
quebra de continuidade. Um tema puxa o outro, este o seguinte, de modo que ao
longo de um ano letivo teremos o encadeamento de vários assuntos úteis à nossa
formação espiritual. 4.3. OBJETIVO CENTRAL DE UMA SESSÃO ESPÍRITA O Espiritismo, sendo uma filosofia espiritualista, procura
mudar o estado da alma dos seus adeptos. É sobre este ponto que se deve
concentrar todo o objetivo de uma reunião, quer seja mediúnica ou não. Além
disso, ela deve retratar a simplicidade das reuniões que Jesus realizava na
época em que esteve encarnado. Nada de preces e vibrações longas; apenas as
palavras necessárias para podermos nos adaptar ao ambiente que os Espíritos nos
prepararam para a realização de nossas reuniões. 5. O INDIVÍDUO E O GRUPO A figura do cientista, que sozinho fazia as suas descobertas,
está praticamente descartada das universidades. O que se vê é um trabalho em
grupo, onde cada membro pesquisa uma particularidade do tema central. Isso não
implica na extinção do trabalho individual, mas a grande ênfase, a alocação de
recursos se faz num projeto de equipe. Em vista disso, o grupo, a organização, a
entidade deve ter um peso maior, quando comparado ao indivíduo, membro desse
grupo. A Casa Espírita não foge à regra. É aí que mais devemos aprender a
trabalhar em contato com outras pessoas. Para discutir este tópico, refletiremos
sobre os relacionamentos, a responsabilidade e a lei de cooperação. 5.1. RELACIONAMENTOS A dinâmica da vida está no relacionamento. Somos um "Eu" que
tem interdependência com outros "Eus". É tendo em mente a noção de
interdependência que cada um dos colaboradores deve procurar servir o próximo,
pois nossas ações estão sempre influenciando aqueles que têm contato conosco.
Podemos dizer que existe uma relação da pessoa com a própria pessoa, da pessoa
com sua família, da pessoa com os seus vizinhos e da pessoa com a sociedade. O
relacionamento implica também a convivência com os contrários. Quer dizer, eu
sou A e você é B, mas tanto eu quanto você pertencemos ao mesmo dicionário, que
é a espécie humana. Tomemos um Centro Espírita. Qual o seu objetivo? É um pronto
socorro? É uma escola? Uma vez intuído esse objetivo, todas as nossas ações
devem tender para esse fim, sem dele se desviar. Como dissemos anteriormente, um
Centro Espírita é composto pela área de Ensino Doutrinário, pela área da
Assistência Espiritual e pela área da Assistência Social. Todas essas áreas
devem trabalhar de comum acordo, no sentido de prestar os melhores serviços a
todos os que procuram a Casa, tanto para questões materiais como para questões
espirituais. Muitas vezes o nosso egoísmo fala mais alto: damos demasiada
importância ao nosso setor de trabalho. É um erro crasso. Tanto é importante o
serviço da faxineira quanto o do presidente. 5.2. RESPONSABILIDADE Em filosofia, diz-se da situação de um agente consciente com
relação aos atos que ele pratica voluntariamente. Assim sendo, cada qual dever
responder por seus próprios atos. O que adianta delegar responsabilidade a uma
pessoa, se ela não se julga responsável por tal encargo? Numa Casa Espírita,
onde o trabalho é voluntário, a responsabilidade deve ser absorvida com muita
seriedade, pois embora tenhamos o livre-arbítrio, a Doutrina Espírita deve ser
veiculada na sua maior pureza. Pergunta-se: que tipo de influência estamos
gerando naqueles que nos rodeiam? Somos um mensageiro fiel da Doutrina, ou
estamos transmitindo pseudoconhecimento? Estamos clareando ou confundindo ainda
mais as mentes dos freqüentadores? A Diretoria de uma Casa Espírita deve tornar público toda a
informação, quer seja financeira ou não, a fim de que todos os seus
freqüentadores tenham elementos comuns para tirarem as suas próprias conclusões.
Na sociedade, o que permite o erro é tão irresponsável quanto
aquele que o comete. Observe o médico que, na ficha do paciente, anota uma
operação que não tenha feito. O paciente, que sabe disso e o permite, é tão
culpado quanto o médico. 5.3. LEI DE COOPERAÇÃO A lei de cooperação, apregoada pela Doutrina Espírita, difere
radicalmente da lei de competição da sociedade moderna. Na primeira, todos têm
oportunidade de trabalho; na segunda, somente os mais fortes. A lei de
cooperação exige que tomemos para o nosso encargo aquilo que ficou por fazer;
aquilo que foi rejeitado por todos. Não é procurar ser o primeiro, pisando os
demais. A lei de cooperação pede que saibamos nos doar em favor dos demais. Um
exemplo: se somos bons expositores e o nosso colega precisa falar, devemos nos
abster do discurso, a fim de ouvi-lo com toda a atenção. O Centro Espírita, como universidade da alma, implica numa
mudança radical das nossas atitudes com relação ao nosso próximo. Em vista
disso, a responsabilidade dos seus dirigentes é grandiosa. Estes devem estar
sempre refletindo sobre a organização, no sentido de dar oportunidade a todos,
sem preferência de cor, raça ou posição social. O que importa é abrir caminhos
para que as potencialidades de seus freqüentadores sejam atualizadas. 6. CRISTIANISMO REDIVIVO 6.1. OS ENSINAMENTOS DE JESUS Jesus, quando esteve encarnado, deixou-nos a diretriz
evangélica para a nossa caminhada espiritual. Disse-nos que no momento oportuno
nos enviaria o Espírito da verdade, o consolador prometido. Falou-nos das
bem-aventuranças e das recompensas de sofrer em seu nome todo o tipo de agravo.
Em sua trajetória, deu-nos o exemplo da humildade, da solidariedade e da
simplicidade. Morreu na cruz para nos ensinar o caminho da salvação. Contudo,
depois da sua passagem por este mundo, quadro de nosso planeta modificou-se por
completo. Foram criados asilos para abrigar os velhos, as mulheres, tratadas
antes como escravas, foram lentamente conquistando a sua independência. Ele não
se dispôs a ensinar verbalmente; não mandou substituto. Tomou sobre si a
charrua, exemplificando pelo trabalho e obediência ao Pai celestial. 6.2. O CONSOLADOR PROMETIDO O Espiritismo surgiu na época predita, precisamente depois
que a ciência e a filosofia já tinham desenvolvido uma ferramenta de análise
extraordinária. Sua função precípua foi a de rememorar os ensinamentos do
Cristo. Nesse mister, é ignorância desvincular o Espiritismo do Cristianismo,
pois o Espiritismo nada mais é do que o cristianismo redivivo. A única
diferença, se assim o pudermos expressar, é que os Espíritos superiores
propiciaram mais claridade aos pontos obscuros da Doutrina do Cristo; eles
suplantaram o sentido da letra e forneceram-nos uma melhor compreensão do seu
aspecto moral e espiritual. O consolador veio para consolar. É daí que tiramos a força
necessária para combater o pessimismo crônico. A sua consolação não é uma
consolação da salvação sem esforço. É um trabalho árduo, que nos faz chegar às
causas mais profundas de nosso sofrimento. Diz-nos, com relação às penas e gozos
futuros, que tudo depende de nossa atuação na presente encarnação. Agindo em
função do bem, teremos como recompensa a extensão do bem; agindo em função do
mal, receberemos obrigatoriamente mais dor e sofrimento. 6.3. PRATICANDO OS ENSINAMENTOS DE CRISTO NO CENTRO ESPÍRITA O Centro Espírita é o local ideal para colocarmos em prática
os ensinamentos de Cristo. Dentro dele temos a oportunidade de nos exercitamos
no amor ao próximo, na tolerância às ofensas e no desapego aos bens materiais.
Observe que, ao nos irmanarmos num mesmo objetivo, há uma espécie de sinergia,
onde as nossas forças começam a se multiplicar e conseguimos produzir coisas,
que vão além de nossa expectativa mundana. A ida ao Centro Espírita merece um comentário. Parece estamos
auxiliando os outros, quando na realidade estamos sendo auxiliados. Quantas não
são as vezes que passamos o dia triste, cabisbaixo e pessimista. À noite, vamos
ao Centro Espírita, participamos de um trabalho de Assistência Espiritual como
médium passista. Posteriormente, sentimo-nos mais aliviado, mais otimista e mais
voluntarioso. Pergunta-se: quem foi o beneficiário maior? Aquele que recebeu o
passe? Ou aquele que doou o seu magnetismo? 7. CONCLUSÃO Como vemos, um Centro Espírita é a universidade da alma,
porque é no seu interior que temos infinitas oportunidades de servir ao próximo
e, ao mesmo tempo, uma excepcional abertura de nossa mente para captar, como um
todo, a evolução espiritual que necessitamos. 8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ÁVILA, F. B. de S.J. Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo. Rio de
Janeiro: M.E.C., 1967. São Paulo, 18/01/2004
"Unidade fundamental do movimento espírita".
"É escola de formação espiritual e moral".
"Deve ser núcleo de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho com base no
Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita".
"Uma grande família, onde as crianças, os jovens, os adultos e os mais idosos
tenham oportunidade de conviver, estudar e trabalhar".
"Deve caracterizar-se pela simplicidade própria das primeiras casas do
Cristianismo nascente".
"É o oásis de paz e esperança onde esperam encontrar Jesus de braços abertos,
para a doce e suave comunhão da fraternidade e alegria".
"É um ponto do Planeta onde a fé raciocinada estuda as leis universais, mormente
no que se reporta à consciência e justiça, à edificação do destino e à
imortalidade dos ser".
"Lar de esclarecimento e consolo, renovação e solidariedade, em cujo equilíbrio
cada coração que lhe compõe a estrutura moral se assemelha a peça viva de amor
na sustentação da obra em si". (Equipe da FEB, 1995)
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
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