Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Brasil, a Nova Pátria do
Evangelho. 3. Origens Espirituais do Povo Brasileiro. 4. Holandeses, Franceses e
Espanhóis. 5. A Procura do Ouro. 6. Prenúncio da Liberdade. 7. A Independência
do Brasil. 8. Maioridade Política Brasileira (I). 9. Maioridade Política
Brasileira (II). 10. Conclusão. 11. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é captar a influência do plano espiritual nos
processos decisórios de política econômica, principalmente aquela que nos foge
da mente quando estudamos a História Econômica do Brasil só pelo aspecto
material. Então, procuramos dar como conhecida a história material e tentamos
visualizar, resumidamente, a interrelação dos dois planos da vida, valendo-nos
das citações de ordem material somente para uma melhor compreensão da linha
mestra que se formou desde o descobrimento do Brasil até os nossos dias. 2. BRASIL, A NOVA PÁTRIA DO EVANGELHO Por volta do último quartel do século catorze, Jesus dispôs-se a visitar o
planeta Terra, a fim de verificar o processo realizado pela sua doutrina de
amor. Após observar que o mundo político, econômico e social do ocidente estava
conturbado pelo egoísmo, orgulho e vaidade dos habitantes das grandes potências
européias, Jesus, juntamente com Helil, traçam um novo roteiro para o
desenvolvimento espiritual dos terráqueos. Para isso, Helil deveria reencarnar
em Portugal e direcionar o povo português às conquistas marítimas, com o
objetivo de descobrir as terras-virgens da América. Encarnado no período 1394-1460, como o heróico infante de Sagres, operou a
renovação das energias portuguesas, expandindo as suas possibilidades
realizadoras para além mar, criando as condições necessárias para o futuro
descobrimento da "Pátria do Evangelho", que aconteceu em 1500, por Pedro Álvares
Cabral. Helil, depois do seu desencarne, continuou a luta pela causa do Evangelho.
Sua influência espiritual junto a D. Duarte e D. Afonso V não fora marcada pelo
êxito, porém, com relação a D. João II, consegue que diversas expedições sejam
organizadas e enviadas ao mar. A grande expedição de Cabral deixou Portugal no dia sete de março de 1500. Em
alto mar, as noites do grande expedicionário são povoadas de sonhos
sobrenaturais e, insensivelmente, as caravelas inquietas cedem ao impulso de uma
orientação imperceptível, desviando os caminhos das Índias para o coração
geográfico do Brasil. Compreendemos, também, que enquanto outros países se fragmentavam o fato do
Brasil permanecer com o coração geográfico completo é porque havia realmente a
preocupação de Jesus em arrebanhar toda a população, que deveria estar envolta
com o lema: "Deus, Cristo e Caridade". (Xavier, 1977, cap. I e II) 3. ORIGENS ESPIRITUAIS DO POVO BRASILEIRO Para uma compreensão mais ampla da formação espiritual do povo brasileiro,
devemos lembrar que os séculos quinze e dezesseis foram marcados pela influência
do "capitalismo comercial", que impulsionou as grandes potências européias ao
mar, a fim de colonizar a nova terra. O Brasil, recebe assim, imigrantes das
várias regiões do mundo. Dentro desse quadro, Jesus entregava o comando do Brasil a Ismael, cuja
missão era reunir os sedentos de justiça divina (degredados), os simples de
coração (índios), os humildes e aflitos (escravos) sob a influência dos
missionários para que o alicerce espiritual fosse edificado sobre a rocha firma,
de modo que com o passar dos anos não houvesse fragmentação. (Xavier, 1977, cap.
III) 4. HOLANDESES, FRANCESES E ESPANHÓIS Para que pudéssemos ter essa formação mesclada deveríamos aceitar as várias
influências das grandes companhias de comércio, cujas sedes se localizavam na
Europa, principalmente em França, Holanda e Inglaterra. Primeiramente vieram os franceses, que encantados com a beleza da Bahia de
Guanabara, estabeleceram aí a sua feitoria, onde Villegaignon, com sua
mentalidade religiosa e honesta, capta a confiança dos indígenas por três anos,
pois em 1558 são expulsos por Mem de Sá. De 1580 a 1640 recebemos a influência indireta da Espanha, porque como
sabemos Portugal ficou sob a direção deste país, desestimulando a colonização
das terras brasileiras. Em 1624, a pretexto da guerra com a Espanha, os holandeses invadem o Brasil,
originando cenas dolorosas, porém não organizadas pelas falanges do mundo
invisível. Em 1637, entregava em Pernambuco o General holandês João Maurício, príncipe
de Nassau, cuja estada no Brasil fora preparada no plano espiritual com a
intenção de desenvolver os germes do amor, respeito, tolerância e liberdade.
Assim, os escravos tornam-se livres à sombra de sua bandeira, os índios
encontram, no seu coração, o apoio de um nobre e leal amigo e todos obtém um
novo clarão de justiça no caminho a seguir. Em 1661, os holandeses deixam o Brasil sem lutas cruéis, mas ficou a semente
da gratidão e do amor por um dos abnegados servidores do Cristo. (Xavier, 1977,
cap. VIII) 5. A PROCURA DO OURO Sabemos da história econômica que a razão básica da manutenção do domínio
político português nas terras brasileiras era a possibilidade de descobrir
imensos tesouros de metais preciosos. No plano espiritual, essa missão de
expandir o espaço conquistado foi entregue a Fernão Dias Paes, que antes de
reencarnar fora consolado por Ismael acerca da causa sinistra do ouro, recebendo
instruções de que a procura desse metal seria um fator de desenvolvimento
econômico, porque edificar-se-iam cidades e fomentar-se-iam a pecuária e a
agricultura. A missão seria árdua e exigiria o máximo de disciplina e para exemplificá-la
viu-se na contingência de enforcar o próprio filho, quando esteve encarnado. Paralelamente às bandeiras, outros movimentos realizavam-se na busca desse
metal, criando um clima de ilusões, ambição e comentários acerca da riqueza, que
levava os indivíduos à guerra, às revoluções e às emboscadas tendo como
resultado a aflição, o sofrimento e a morte, inclusive com a possibilidade de
despovoamento de Portugal. Citamos, como exemplo, a guerra das Emboabas, a
Guerra dos Mascates. Ao mesmo tempo que no plano material estávamos envoltos com um pequeno
derramamento de sangue, no plano espiritual, os agentes invisíveis estavam
amparando-nos e podemos perceber claramente pelo Tratado de Methuen que, o
Brasil, ao transferir a posse do ouro à Inglaterra, vetava as investidas das
grandes potências européias que cobiçavam nossas riquezas. (Xavier, 1977, cap.
X) 6. PRENÚNCIO DA LIBERDADE Os preparativos da Revolução Francesa, isto é, as discussões a respeito da
liberdade influenciaram sobremaneira a classe dos poucos intelectuais
brasileiros, que observando a ganância pelo ouro por parte dos padres — para
aumentar o luxo das igrejas, dos magistrados — para aumentar suas fortunas que
levariam a Portugal e do fisco — para incrementar a receita de Portugal,
resolvem por em prática esses ideais políticos e econômicos. Dos vários encontros realizados para tal finalidade, escolheu-se a
personalidade de Tiradentes para ser o líder do movimento. Os desejos de
liberdade foram vetados por autoridades portuguesas tão logo ficaram sabendo do
ocorrido, mandando imediatamente extinguir a figura que se sobressaia nas ditas
articulações. A morte de Tiradentes do ponto de vista espiritual representava o
resgate de delitos cruéis do passado, quando inquisidor da Igreja. Os estudos e discussões acerca de nossa doutrina mostra-nos que o acaso não
existe e que os fatos se sucedem no devido tempo. Assim, verificamos que os
intelectuais brasileiros quanto os da França foram precipitados com as
reivindicações de liberdade, contrariando a vontade de Deus, o qual prefere que
cada qual vença a si mesmo e seja avessos à guerra e à Revolução. Percebemos,
mais uma vez, a mão protetora de Ismael, pois enquanto em França assistíamos à
perda de muitas vidas, no Brasil tivemos apenas um enforcamento. (Xavier, 1977,
cap. XIV) 7. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A conseqüência da Revolução Francesa, para nós, foi a vinda da família real
ao Brasil, que seria o estopim inicial de nossa emancipação política, porque D.
João VI estando no Brasil começou a tomar resoluções políticas que iriam criar
condições de desenvolvimento econômico. Primeiramente, abrem-se os portos para a livre concorrência com a Inglaterra
e, posteriormente, para as nações amigas. Em segundo lugar, declaram-se livres
as indústrias nacionais. Mesmo com grande parte da corte colada ao orçamento da
despesa, o Brasil caminhava para o alto destino que o eterno lhe assinalara. D. João VI estava envolto com a mãe demente, esposa desleal, filho
perdulário, excesso de despesas administrativas, revolução constitucionalista de
Portugal e problemas pessoais de alta responsabilidade, quando teve de voltar a
sua Pátria natal, deixando D. Pedro I, como príncipe-regente, o qual deveria
cumprir a constituição da junta Revolucionária de Lisboa. O plano espiritual presidindo a todos os acontecimentos instrui-nos que o
problema da liberdade é delicado, sendo preciso formar os Espíritos antes das
obras, pois todos os direitos adquiridos exigem responsabilidade e nem sempre
estamos aptos a enfrentá-los. Expõe-nos, também, que D. Pedro não era a pessoa
indicada para o processo de libertação do povo brasileiro, mas ele encarnava o
princípio da autoridade e caberiam ao próprio plano espiritual — povoar suas
noites de sonho, a fim de colocá-lo em condições de assumir atitudes corretas e
justas segundo a vontade de Deus. D. Pedro atendendo à frase de seu pai, quando deixou o Brasil. "Pedro, se o
BRASIL se separar de Portugal, antes seja para ti, que me respeitarás, do que
para alguns desses aventureiros". — resolve iniciar a separação dos dois países,
sem prever que Avilez, representante de Portugal tencionava criar barreiras a
esse intento. Durante esse período negro vemos a presença de Ismael manipulando
as preces e as vibrações das mães sofredoras e concentrando-as na mente e
coração de Avilez, deixando o caminho livre a D. Pedro para a consolidação da
liberdade. A presença de Ismael, dos abnegados cooperadores do plano espiritual e
principalmente, da figura de Tiradentes, em espírito, acompanhavam através de
viagens e contatos com diversos líderes políticos em várias regiões do país,
culminando com a famosa frase: "INDEPENDÊNCIA OU MORTE", a sete de setembro de
mil oitocentos e vinte e dois. (Xavier, 1977, cap. XVI a XVIII) 8. MAIORIDADE POLÍTICA BRASILEIRA (I) O aumento das responsabilidades brasileiras deveria ser provido por alma
nobre e valorosa. O plano espiritual estava atento e começou a dialogar com
Longinus, a fim de cientificá-lo da grande missão que os mensageiros de Ismael
estavam lhe propondo e se saísse vencedor não precisaria retornar neste planeta
de expiação e provas. Reencarnaria, assim como D. Pedro II e se incumbiria de
polarizar as atenções do povo a sua pessoa no que dizia respeito aos exemplos e
virtudes, renúncia e sacrifícios abnegação e desprendimento. Enquanto no outro plano da vida estes assuntos eram ventilados, aqui, D.
Pedro I, depois de consolidada a Independência, tratava de dar continuidade ao
processo de liberdade da Pátria do Evangelho, sempre assessorado pelas falanges
de Ismael, que aproveitavam o minuto psicológico para auxiliá-lo nesta
consolidação. Apesar de lutar pelos interesses do Brasil foi acusado
injustamente de proteger os de Portugal, e por esta razão, inspirado pelos
agentes do invisível, abdica na pessoa do filho, a sete de abril de mil
oitocentos e trinta e um. Após a abdicação de D. Pedro I o país sob o comando dos regentes interinos
atravessou momentos de crise, notando-se o desenrolar da guerra civil ao Norte e
o movimento republicano no Rio Grande do Sul. As falanges de Ismael eram
obrigadas a aumentar os reforços intuindo os homens da regência a praticarem os
mais sublimes atos de renúncia pelo bem coletivo a fim de que a luz do porvir na
pátria não se transformasse em trevas e não paralisasse os interesses do Senhor
para com a nossa terra natal. D. Pedro II reencarna dentro dessa conjuntura e aos quinze anos de idade
adquire o poder de governar o país. Para bem cumprir sua missão, abstraia-se dos
textos legais e norteava suas decisões mais pela imprensa do que pelos seus
ministros, desgostando os políticos da época. Conseguiu com seu caráter
evolucionista um grande progresso de liberdade de opinião e a calma voltara ao
Brasil. Por não seguir as inspirações do mundo invisível, interfere na liberdade
do Uruguai, ocasionando com isto a guerra do Paraguai, pois este país se
sentindo ameaçado na sua segurança declarou-se contra o Brasil, iniciando uma
contenda que durou cinco anos de martírio e sofrimentos. (Xavier, 1977, cap. XX) 9. A MAIORIDADE POLÍTICA BRASILEIRA (II) À medida que o tempo passava, as repercussões internacionais e a experiência
dos políticos brasileiros clamava por uma mudança estrutural do nosso modelo de
economia política, muito embora D. Pedro II fosse um exemplo de discórdia e
benevolência. Os políticos da época pressionaram-no e nos primeiros meses de
1888, sob a influência dos mentores invisíveis da pátria, o imperador é afastado
do trono, voltando a Regência à Princesa Isabel, promulgando a treze de maio de
mil oitocentos e oitenta e oito a lei que extinguia o cativeiro no Brasil. Ao se extinguir a servidão, o Brasil passava ao regime de maioridade
política, isto é, os habitantes deste território receberiam doravante
influências indiretas do plano espiritual, mas seriam responsáveis diretos pelos
seus erros e acertos. Denominamos República à oficialização desse índice de
maioridade, firmado a quinze de novembro de 1889 por Deodoro da Fonseca e uma
plêiade de inteligências cultas e vigorosas. É útil recordarmos o grau de evolução de Longinus, que deixou a coroa sem
derramamento de sangue, repeliu todas as sugestões dos Espíritos apaixonados
pelo poder, não aceitou dinheiro pelo seu exílio, porém levou consigo um punhado
de terra brasileira que muito soubera amar. O plano espiritual, afim de corroborar este grau de liberdade adquirido,
delegava autoridade aos grandes médiuns, que seriam os portadores da luz do
Cristo, com a função de concentrar as energias do povo, dirigindo-as para o alvo
sagrado da evolução material e espiritual. Dentre eles citamos a personalidade
de Bezerra de Menezes, aclamado na noite de julho de1895 diretor de todos os
trabalhos de Ismael no Brasil. (Xavier, 1977, cap. XXI a XXX). 10. CONCLUSÃO Este estudo da História Econômica do Brasil, à luz da espiritualidade,
deu-nos a oportunidade de aumentarmos os nossos conhecimentos a respeito do
povo, do governo e dos agentes do mundo invisível acompanhamos o desenrolar dos fatos históricos e percebemos que a maioridade
política se desenvolve da mesma forma que o livre-arbítrio no campo individual;
que as decisões que julgávamos individuais abrangem uma amplitude mais ampla,
porque aquele que decide recebe influências dos ministros, da imprensa, da
esposa, e muito mais do plano espiritual, que até a proclamação da república a
ascendência espiritual era direta, passando depois a fazer por sugestões
telepáticas; que ainda hoje estamos com a boa influência, embora o livro de
Humberto de Campos só explica até o período republicano. Vimos, por fim, que o poder é transitório, que as paixões inflamam os
indivíduos, que pouco é o que sabemos e, por essa razão, devemos ter muita
humildade, a fim de podermos trilhar o caminho da felicidade, o qual nos
conduzirá ao Cristo e à caridade. 11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. 9 ed., São Paulo, Editora
Nacional, 1969.
FURTADO, M. B. Síntese da Economia Brasileira. 2 ed., Rio de Janeiro,
LTC, 1983.
XAVIER, F. C. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (pelo
Espírito Humberto de Campos). 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.
São Paulo, agosto de 1984
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