Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. Automatismo e Corpo Espiritual: 4.1. 1 Bilhão e Meio de Anos até a Época Quaternária; 4.2. Automatismo e Herança; 4.3. Teoria Mecanicista de Descartes. 5. Atitude e Comportamento: 5.1. Espíritos Criados Simples e Ignorantes; 5.2. Automatismo no Mal; 5.3. Transformação moral. 6. Automatismo: Mensagens Espíritas: 6.1. Combatendo a Sombra; 6.2. Renasce Agora; 6.3. Resiste à Tentação. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.
1. Introdução
O que é automatismo? E herança? Quais são os avanços da ciência sobre o estudo da hereditariedade? Como podemos retratar a evolução do princípio inteligente? Quais as contribuições do Espírito André Luiz?
2. Conceito
Automatismo. Dá-se o nome de "automatismo" aos movimentos que ocorrem num objeto sem o
impulso externo aparente. A diferença entre
automatismo
e
automático
é que na automação ou automatização há mais flexibilidade do que o mero
automatismo.
Hereditariedade ou herança
genética. Consiste no conjunto de processos relativos à transmissão
das características genéticas entre os indivíduos, ou seja, aspectos físicos
e psíquicos que são transmitidos dos ascendentes (pais) aos seus
descendentes (filhos).
3. Considerações iniciais
Em termos filosóficos, a hereditariedade assenta na comparação entre
"mecanicismo" e "vitalismo".
Tem-se confirmado a hipótese de que o ácido desoxirribonucleico (DNA) é o
material que transmite a informação hereditária de uma geração para a
outra.
O mecanismo da hereditariedade lançou luz sobre a origem da vida e a
evolução da reprodução sexuada.
Além do impacto na medicina e na agricultura, os biólogos desenvolveram
técnicas que permitem recombinar o material hereditário, o DNA, de
organismos diferentes.
O Espírito André Luiz, em Evolução em
Dois Mundos, descortina-nos toda a trajetória da relação entre
automatismo e corpo espiritual.
4. Automatismo e corpo espiritual
4.1. 1 BILHÃO E MEIO DE ANOS até a época quaternária
Para chegar à idade da
razão, o princípio inteligente despendeu um bilhão e meio de anos para
chegar aos primórdios da era quaternária. Como a civilização humana surgiu
há 200 mil anos, somos levados a reconhecer o caráter recente dos
conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição
fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe
habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à
Consciência Cósmica. (Xavier, 1977, cap. III)
4.2. Automatismo e herança
"Se, no círculo humano,
a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas
linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que na
retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o
instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos
depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão
incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual
atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza".
O princípio inteligente, na sua escalada evolutiva, adquiriu a atração no
reino mineral; a sensação, no reino vegetal; o instinto, no reino animal; o
pensamento contínuo, a razão e o livre-arbítrio, no reino hominal. Disso
resulta os automatismos de nossa existência, em que a linguagem, o tato e a
locomoção são os aspectos positivos, e os vícios e defeitos, os negativos.
Na presente encarnação, temos de nos esforçar para estimular os atos bons,
reprimindo, em contrapartida, os maus.
4.3. Teoria mecanicista de Descartes
Segundo Descartes, os animais são autômatos, reagem de forma mecânica às
excitações externas, ao contrário do homem, que possui alma e vontade.
Para
o Espírito André Luiz, Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos
caminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a
verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoso, no automatismo em que
a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento,
morte, experiência e renascimento na vida física e extrafísica, em avanço
inevitável para a vida superior. (Xavier, 1977, cap. IV)
5. Atitude e comportamento
5.1. Espíritos criados simples e ignorantes
De acordo com a Doutrina Espírita,
fomos criados simples e ignorantes, mas com a determinação de nos tornarmos
perfeitos, com potencialidade de perfeição. Assim, Deus criou todos os
Espíritos do mesmo ponto de partida, sem privilégio de espécie alguma.
Mas para que pudéssemos adquirir o
pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão foram necessários séculos e
séculos de experiência, de repetição, de encarnação e desencarnação para
automatizarmos as diversas funções de nosso corpo físico do corpo
espiritual.
5.2. Automatismo no mal
Segundo a psicologia social, antes de
adquirirmos um hábito devemos pensar muito, pois a sua extinção é mais
difícil e demora muito mais do que sua aquisição. Exemplo: beber, fumar,
drogas...
Lembremo-nos de que todos somos ofensores de nossas próprias inibições. O
exercício aqui é procurar manter o equilíbrio, apesar do nosso automatismo
de valentia, de revide, de querer esganar o nosso ofensor. A recomendação é
perdoar a quantos nos aborrecem, a quantos nos firam, a quantos nos causam
embaraço, a quantos nos roubam a nossa oportunidade do ganha-pão.
5.3. Transformação moral
Uma forma didática de se entender a reforma íntima é relacioná-la aos
reflexos condicionados. Todos nós somos herdeiros de um automatismo, vindo
de longa data. Dado um estímulo, respondemos automaticamente. Se xingados,
queremos revidar. Observe as nossas respostas, as nossas reações no
trânsito: uma leve "fechada" pode até ocasionar morte. E se mudássemos essa
resposta automática. E se, em vez de querermos briga, perdoarmos aquele
nosso irmão? Não haveria um ganho para o infrator e para nós?
6. Automatismo: Mensagens Espíritas
6.1. Combatendo a Sombra
"E não conformeis com este mundo, mas transformai-vos" — Paulo (Romanos,
12,2)
Não nos pede rebelião e gritaria.
Não nos aconselha azedume e discussão.
A palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação.
Não te resignes aos hábitos da treva. Mas clareia-te, por dentro,
purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do
próximo, a mensagem persuasiva do amor, para que se estabeleça entre os
homens o domínio da eterna luz.
6.2. Renasce Agora
"Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" — Jesus (João
3,3)
Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do
pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de
encantador revestimento.
Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão.
Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres.
Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para
superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória
sobre ti mesmo, no tempo...
6.3. Resiste à Tentação
"Bem-aventurado o homem que sofre a tentação" — (Tiago 1,12)
Toda vez que empreendemos a melhoria da alma, utilizando os trabalhos e
obstáculos do mundo, devemos esperar a multiplicação das dificuldades que se
nos deparam, em pleno caminho do conhecimento iluminativo.
Contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra.
Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os
séculos em que nos comprazíamos no mal.
Haja, pois, tolerância construtiva em derredor da caminhada humana, porque insinuações malignas nos cercarão em toda parte, enquanto nos demoramos na realização parcial do bem. (Cap. 101 de Pão Nosso)
7. CONCLUSÃO
Conforme nosso estudo mostra, urge aproveitarmos bem a nossa jornada terrena, pois somos devedores de um longo período de corrigendas de nossos automatismos negativos.
8. Bibliografia Consultada
GIL, F. (Editor). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional,
1985-1991.
XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito
André Luiz, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
São Paulo, agosto de 2018.
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