Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Quem Era João? 4. Conteúdo das Profecias. 5. Profetismo e Conhecimento. 6. O Apocalipse de João e o Espiritismo. 7. Cataclismos Futuros. 8. Conclusão. 9. Bibliografia Consultada.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é analisar o conteúdo narrado por João, em seu livro o Apocalipse, confrontando-o com os princípios codificados por Allan Kardec.
2. CONCEITO
Apocalipse - do gr. apokalypsis significa revelação.
Apocalipse de João - constitui o fim do Novo Testamento, e consiste da revelação tida por João, o Evangelista, na Ilha de Patmos, acerca dos futuros acontecimentos que envolverão o planeta e a humanidade.
3. QUEM ERA JOÃO?
"João era médium, clarividente, profeta, possuidor de várias formas de mediunidade, em alto grau. Mas era, também, iniciado no conhecimento da época, quer da cultura grega, como da lei e da ritualística judaica. Por isto, autor de um dos evangelhos, uma versão sapiencial ou gnóstica. Nele se tem a primeira aproximação com a contemporânea filosofia do Neo-Platonismo grego e a ligação à literatura judaica de Filão, também contemporânea, que completa a tarefa de interpretar a Bíblia, segundo a filosofia grega". (Curti, 1983, p. 144)
4. CONTEÚDO DAS PROFECIAS
O Apocalipse de João, o último livro do Novo Testamento, consta de 22 capítulos, em que Jesus aparece a João na Ilha de Patmos e ordena-lhe que escreva o que viu e o participe à Humanidade.
Assim:
- escreve sete cartas a várias Igrejas;
- relata a visão do trono da majestade divina;
- diz que somente o Cordeiro é digno de abrir o livro dos sete selos;
- fala da besta que subiu do mar e da terra;
- discorre sobre a queda da Babilônia, enumerando a visão da grande prostituta assentada sobre a besta, as lamentações sobre a terra, a alegria e triunfo nos céus e as vitórias de Cristo sobre a besta e sobre o falso profeta;
- vaticina sobre o juízo final, enaltecendo os novos céus, a nova terra e a nova Jerusalém;
- por fim, faz algumas admoestações e conclui com as promessas finais.
5. PROFETISMO E CONHECIMENTO
O conhecimento forma-se lentamente, começando pelas formas arcaicas de concepção tais como o totemismo, o animismo e a mitologia. O dogmatismo surge nesse processo histórico baseando-se apenas na teoria. Na seqüência surge o simbolismo, retratado por Pitágoras, ao conceber o mundo como uma unidade.
Hoje, o que vale é o conhecimento teórico-experimental, ou seja, o conhecimento pela comprovação das hipóteses.
"Assim sendo, o profetismo, existente de todas as épocas, do qual o apocalipse é um fato, um exemplo, ele próprio é um fenômeno que deve ser abordado com método científico, e explicado na sua verdadeira essência.
Que ele seja um fenômeno perfeitamente caracterizável, o atesta a história. Existe, prevê o futuro, e suas previsões são constatadas, em grande parte, pelos acontecimentos subsequentes à sua manifestação. O próprio apocalipse de João é uma previsão de sucedimentos, em sua maioria já acontecidos, constatáveis na própria história.
As profecias, que conhecemos, dizem respeito a previsões passadas e foram efetuadas em eras, em que o conhecimento era de outra natureza, diferente do nosso, cuja existência iniciou-se há dois ou três séculos.
Sua formulação, por isto, é eivada de símbolos, de analogias, de pressupostos que já não são dos nossos dias, não são mais cultivados e, portanto, já escapam ao nosso conhecimento, o que torna sua interpretação, muitas vezes, totalmente obscura". (Curti, 1983, p. 151)
6. O APOCALIPSE DE JOÃO E O ESPIRITISMO
Emmanuel, comentando o apocalipse de João, em A Caminho da Luz, diz que "O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica invisível.
Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o Velho Apóstolo de Patmos transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse.
Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que freqüentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pode copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda hoje se oferece à visão do mundo moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma, simbolizada na besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos". (Xavier, 1972, p. 126 e 127)
Identifica a besta como sendo o papado e o número 666 como sendo o "Sumo- Pontífice da igreja romana quem usa os títulos de "VICARIVS GENERALIS DEL IN TERRIS", VICARIVS FILII DEI" e "DVX CLERI" que significam "Vigário-Geral de Deus na Terra", "Vigário do Filho de Deus" e Príncipe do Clero". Bastará ao estudioso um pequeno jogo de paciência, somando os algarismos romanos encontrados em cada título papal, a fim de encontrar mesma equação de 666, em cada um deles". (Xavier, 1972, p. 128)
7. CATACLISMOS FUTUROS
Com relação ao juízo final e à desolação do Planeta Terra, Allan Kardec diz que "A Terra adquiriu uma estabilidade que, sem ser absolutamente invariável, coloca doravante o gênero humano ao abrigo de perturbações gerais, a menos que intervenham causas desconhecidas, a ela estranhas e que de modo nenhum se possam prever". (1975, cap. IX, item 11, p. 185)
Mais para frente diz: "Fisicamente, a Terra teve as convulsões da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade: na do progresso pacífico, que se efetua pelo regular retorno dos mesmos fenômenos físicos e pelo concurso inteligente do homem. Está, porém, ainda, em pleno trabalho de gestação do progresso moral. Aí residirá a causa das suas maiores comoções. Até que a Humanidade se haja avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas, as maiores perturbações ainda serão causadas pelos homens, mais do que pela Natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas". (1975, cap. IX, item 14, p. 187)
8. CONCLUSÃO
O apocalipse de João é uma exortação à mediunidade, a maior ferramenta da revelação divina. João, possuidor de vários tipos de mediunidade, pode se desdobrar, ir ao futuro, e nos trazer essas informações. Assim, se excluirmos a mediunidade em nossas interpretações, ficaremos apenas com o simbolismo da letra, que mais confunde do que ajuda a elucidação científica da profecia.
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CURTI, R. As Epístolas de Paulo e o Apocalipse de João (Segundo o Espiritismo). São Paulo, FEESP, 1983.
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.
XAVIER, F. C. A Caminho da Luz - História da Civilização à Luz do Espiritismo, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, 1972.
São Paulo, abril de 2000
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