Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO: 1. Introdução 2. Conceito de Amor: 2.1. Vocábulo Polissêmico; 2.2.
Algumas Aproximações. 3. Histórico. 4. O Amor Egoísta: 4. 1. A Revolução da
Violência; 4.2. Sexo, Sexualidade e meios de comunicação; 4.3. Uma Questão sem
Resposta; 4.4. Festim de Tiros. 5. Amor Racional: 5.1. A Maiêutica Socrática;
5.2. Ghandi e a Política da Não-Violência; 5.3. Martin Luther king. 6. Amor de
doação: 6.1. Jesus Cristo é o Modelo do Amor; 6.2. Santo Agostinho; 6.3. O Amor
Segundo o Espiritismo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada. 1. INTRODUÇÃO O objetivo deste estudo é retratar as várias nuances que a
palavra amor enfoca, desde as formas mais rudimentares até àquelas mais
espiritualizadas em que o Espírito se sacrifica para auxiliar os outros. 2. CONCEITO DE AMOR 2.1. VOCÁBULO POLISSÊMICO "Rigorosamente, não é possível dar uma definição do amor.
Amor é um vocábulo polissêmico, senhor de uma vastíssima escala de genitivos e
também senhor de nominativos vários, chegando a incluir no próprio espaço,
segundo a mensagem bíblica, a própria transcendência absoluta: "Deus é amor" (I
João I, 18). De fato, são tantas as dimensões, tantos os matizes, tantos os
elementos da incidência de vários fatores uns sobre os outros que uma real
delimitação conceptual se torna, na prática, impossível. Consegue-se quando
muito aproximações." (Enciclopédia Polis) 2.2. ALGUMAS APROXIMAÇÕES "O amor é uma força primitiva do espírito, avaliadora
e criadora de valores, intensiva, capaz de atingir os graus mais variados. É
sempre a revelação de uma afirmação da vontade dirigida a um valor reconhecido
como tal e apetecido. O amor valora o valor e o valoriza, porque, o que é
apetecido, é portador de valor para o amante." (Santos, 1965) Amor é "a totalidade dos sentimentos e desejos que
estruturam o pensamento para a liberação de energia e de forças que guiam a ação
na produção do bem e possibilitam a aquisição de qualidades, constituintes do
crescimento do Espírito". (Curti, 1981, p.81) Amor – É uma força tendente a aproximar e a unir, numa
relação particular, dois ou mais seres. 3. HISTÓRICO A história da cultura ocidental apresenta duas raízes: a
grega e a judeu-cristã ou bíblica. A concepção grega está assentada no Eros platônico. Eros
começa por ser pobre. Mas, sumamente engenhoso e ativo, ele encontra sempre meio
de transcender e de se transcender até atingir o mundo das idéias,
designadamente o belo, o verdadeiro e o bem. Ascende "gerando beleza". Ascende,
deixando atrás de si – e abaixo de si – um mundo de troféus e de despojos, de
aspirações satisfeitas e de imperfeições superadas, de aparências e de ilusões
que foram dando progressivamente lugar a realidades autênticas e a formas e
idéias verdadeiras. A concepção grega baseia-se: 1) o mundo é eterno e não
criado; 2) que o amar implica em conhecer e o conhecer implica o amar. A concepção
judeu-cristã não partirá nem do mundo nem
do homem. Partirá de Deus, Transcendência absoluta. Ele próprio relação amorosa,
em si, por si e para si, e que, sendo livre, também por Amor cria para fora de
si uma realidade – o Mundo. O amor humano, fundado no amor divino, será
pluridirecional e pluridimensional, será ativo e será histórico, será concreto e
terá na imitação do próprio Deus, designadamente através de Cristo - imitatio
Christi - o seu grande motor. Do entrelaçamento das duas concepções – helênica e
judeo-cristã – é feita a história do amor no Ocidente até os nossos dias, pelos
menos, até aos chamados "tempos modernos", com o predomínio ora de uma ora de
outra segundo as condições sócioculturais das épocas respectivas. (Polis -
Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado) 4. O AMOR EGOÍSTA 4.1. A REVOLUÇÃO DA VIOLÊNCIA Há um amor de posse, disseminado na sociedade, que se traduz
pela violência dos dias atuais. E isto é estimulado pelas nações mais ricas e
poderosas, principalmente os Estados Unidos da América. As guerras promovidas por esta nação tinham por objetivo
libertar o povo de seus líderes autoritários, mas sempre pela violência.
Recentemente, o mundo todo assistiu, atônito, a um só país contrariar todo o
Conselho de Segurança da ONU, órgão máximo de regulamentação dos direitos dos
países. O pretexto de que havia bombas de destruição de massa até hoje não foi
encontrada. 4.2. SEXO, SEXUALIDADE E MEIOS DE COMUNICAÇÃO Os meios de comunicação social - mass media - veiculam
o apelo ao sexo em seus vários matizes, desde a propaganda de produtos até a
venda do próprio sexo, como é o caso de muitos filmes pornográficos. As novelas
televisivas, para ter audiência, evocam a separação e a troca de parceiros. É
difícil observar alguém contente com o que tem. Está sempre interessado no bem
do outro. 4.3. UMA QUESTÃO SEM RESPOSTA Por que uma criança de seis anos mata? Podemos nos valer dos
subsídios da Sociologia, da Psicologia, da Filosofia e da Religião. Contudo, a
pergunta fica sem resposta, ou seja, não temos argumentos que explicitem tal
questão de forma concreta. O jornalista italiano Furio Colombo, correspondente
do jornal La Repubblica em Nova York, diz que as crianças matam quando
nenhum outro rito de iniciação - escola, família e experiência boa - existe no
mundo em que vivemos. Nos Estados Unidos da América, as crianças vêem o bandido,
o herói de cinema e o Estado matar. O que se passa no seu interior? Se esta ação
é exercitada pelo próprio Estado, por que eu não posso fazer o mesmo? (Reale,
1999, p. 112) 4.4. FESTIM DE TIROS Michael Mooris, em recente filme, analisou a violência nos
Estados Unidos. Como repórter, ele vai à busca das explicações acerca da
violência em seu país. O documentário tenta comparar o uso de armas nos EUA com
outros países, especialmente o Canadá. No Canadá usam-se armas como nos Estados
Unidos, mas lá não se matam tantas pessoas. A explicação que recebeu acerca da
violência nos Estados Unidos é que este país construiu o seu patrimônio através
de muitas lutas e ocupações, a começar pela expulsão dos índios. 5. AMOR RACIONAL 5.1. A MAIÊUTICA SOCRÁTICA Sócrates talvez tenha sido o primeiro filósofo a nos dar uma
imagem desse tipo de amor. Como todos temos lembrança, ele fora condenado a
beber cicuta, em virtude de desobedecer aos deuses gregos e por abrir a mente
dos jovens. Na prisão, embora injustamente, soube esperar a sua morte, dizendo
que preferia morrer a desobedecer a uma só lei do Estado. Naquela época, a
cidade ou a política tinha um valor denominado civitas, ou seja, havia
sempre a preocupação de buscar o bem comum. Ele simplesmente não queria
atrapalhar o bem comum. Valia-se da persuasão e da razão para conseguir alguma
coisa. 5.2. GHANDI E A POLÍTICA DA NÃO-VIOLÊNCIA Ghandi, cognominado de político da não-violência, afrontou o
poderio britânico sem usar nenhuma arma. Preferiu humilhar-se e fazer jejum a
levantar uma só arma para atacar o poderio britânico. Este nobre exemplo
procurava passar aos seus comandados. 5.3. MARTIN LUTHER KING Outro herói do apelo a não-violência. Queria conseguir as
coisas com as suas idéias de justiça e de liberdade, em que todos deveriam ser
beneficiados com a política do estado e não o estado espoliar as pessoas mais
pobres. 6. AMOR DE DOAÇÃO 6.1. JESUS CRISTO É O MODELO DO AMOR Jesus foi o mais elevado e ilustre Espírito que veio da
esfera crística para nos dar o exemplo de como amar corretamente. Para começar,
obedeceu ao Pai Criador, ao pai terrestre (José). Deixou-se batizar por João
Batista. A sua pregação evangélica dirigia-se contra o poderio romano, mas sem
desobedecer à lei deste Estado. Um exemplo clássico é o daí a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus. Esta foi a resposta que deu à pessoa que lhe
mostrou uma moeda, onde em uma das faces estava a figura de César. 6.2. SANTO AGOSTINHO Há uma frase de Santo Agostinho que diz "Ama, e faze ao que
queres". Se calas, cala por amor; se falas, fala por amor; se corriges, corrige
por amor; se perdoas, perdoa por amor. O amor deve estar no centro de todas as
nossas ações. O que isso quer dizer? Que quando nos relacionarmos com o nosso
próximo, devemos fazê-lo dentro de um clima de respeito e de auxílio mútuo,
cooperando com tudo o que nos rodeia. (Reale, 1999, p. 122.) 6.3. O AMOR SEGUNDO O ESPIRITISMO Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo,
ensina-nos que o amor resume inteiramente a doutrina de Jesus. Diz-nos que "no
início o homem não tem senão instintos; mais elevado e corrompido, só tem
sensações; mais instruído e purificado tem sentimentos; e o ponto delicado do
sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol
interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as
revelações sobre-humanas". (Kardec, 1984, p. 146) 7. CONCLUSÃO Saibamos exercitar o amor, patrimônio inalienável do nosso
Espírito imortal. É através deste sentimento mais puro que o homem pode galgar
horizontes cada vez mais vastos na senda escabrosa de sua evolução espiritual.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CURTI, R. Espiritismo e Reforma Íntima. 3. ed., São Paulo, FEESP,
1981.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE,
1984.
Polis - Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado. Lisboa/São Paulo,
Verbo, 1986.
REALE, G. O Saber dos Antigos: Terapia para os Tempos Atuais. Tradução de
Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 1999.
SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed.
São Paulo: Matese, 1965.
São Paulo, maio de 2004
Copyright © 2010: Centro Espírita Ismael
Av. Henri Janor, 141 - São Paulo, Capital